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A uma Hora Incerta

Primo Levi

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Detalhes do Produto

Sinopse

Apresentada pelo próprio em tom menor no texto que abre a sua recolha, Primo Levi reconhece na sua relação com a poesia uma forma de impulso inicial face à memória da própria experiência, um impulso que antecipava a sua vontade racional, um impulso contraditório: «Sou um homem que acredita pouco na poesia e que, no entanto, a pratica. Qualquer razão para isso há.» Esta razão, que se manteve até ao final da sua vida, estaria na possibilidade de «a poesia lhe parecer mais idónea do que a prosa para transmitir» o que tinha dentro de si, face às formas de horror e de ameaça com as quais a humanidade se confrontava e como, no decorrer do século XX, as via serem interpretadas, simbolizadas e transformadas em retóricas públicas e políticas. A razão dessa escrita permitia-lhe que certas palavras uma vez escritas num momento concreto, como no caso do poema «Shemà» que introduz o verso «considerai se isto é um homem», pudessem, invocando a poesia, ultrapassar o momento original e ser um argumento «em suma, para todos os casos em que se coloca a questão de saber se a humanidade, no sentido mais pessoal da palavra, é preservada ou perdida, se é recuperável ou não». O título deste volume de poemas vem de um verso de A Balada do Velho Marinheiro, de S. T. Coleridge: «Desde então, a uma hora incerta», é o verso 582 da balada e cuja estrofe completa, «Desde então, a uma hora incerta, / Aquela aflição regressa, / E se não encontra quem o oiça / Queima-lhe no peito o coração» e ressurge também nos primeiros versos de um dos poemas desta recolha intitulado «O Sobrevivente». A importância desta estrofe traduz bem os dois períodos que concentram o maior número de poemas nesta edição, o primeiro período entre 1945-46 aponta para a identificação com o próprio marinheiro da balada: Levi no seu regresso de Auschwitz também se sentia dotado de um «estranho poder de falar» (verso 586) e com a mesma necessidade de deter quem passava e contar sua viagem: «Tinha-me tornado igual ao velho marinheiro da balada de Coleridge, que na rua agarra pelo peito os convidados que vão para a boda para lhes infligir a sua história sinistra de malefícios e fantasmas». Mas relativamente ao segundo período que reúne poemas de 1983-84, Levi explica que se tratou de «um momento muito difícil. A publicação do romance [Se não agora, quando] coincidiu com a crise no Líbano que era uma crise para todos, não apenas para os judeus [Primo Levi, juntamente com outros intelectuais judeus italianos, criticou duramente na imprensa a invasão por parte de Israel, e a sua deriva militarista e consequentes actuações do governo israelita que «evocava uma linguagem de triste memória para cada judeu»]. Pareceu-me natural, de novo, abrir caminho a uma linguagem poética». Embora mantendo um mesmo tom lapidar, estes poemas operam uma leitura moral da realidade e as perguntas que continuam a pontuar os seus versos, recorrendo a personagens simbólicas e a antropomorfismos, apontam para a indignação como um património comum. Trata-se de poemas que Levi quis que falassem de viva voz, numa via directa.

Excerto a partir do texto do posfácio Primo Levi, um estranho poder de falar de Rui Miguel Ribeiro

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Autor

Primo Levi

Primo Levi nasceu em Turim, em 1919, e suicidou-se nessa cidade em 1987. Licenciado em Química, participou na Resistência, foi preso e internado no campo de concentração de Auschwitz. É com Calvino e Pavese, uma das principais figuras da geração italiana do pós-guerra. Notabilizou-se pela autoria de vários livros sobre a experiência naqueles campos ? de que o livro Se isto é um homem é o exemplo mais célebre ? assim como por contos e romances. Assim foi Auschwitz, escrito com Leonardo De Benedetti e curado por Fabio levi e Domenico Scarpa, recolhe um conjunto admirável de textos inéditos em Portugal sobre a experiência dos campos de extermínio. «Esta é a experiência da qual saí e que me marcou profundamente; o seu símbolo é a tatuagem que até hoje trago no braço: o meu nome de quando não tinha nome, o número 174517. Marcou-me, mas não me tirou o desejo de viver. Aumentou-o, porque conferiu uma finalidade à minha vida, a de dar testemunho, para que nada semelhante alguma vez volte a acontecer. É esta a finalidade que têm os meus livros.»

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