O primeiro texto aqui reunido, Episódios da Vida Selvagem, é constituído por dois episódios: A Minha Morte; e A Nossa Vida. Neste díptico, a ação dramática está situada num futuro próximo. Após sucessivas catástrofes naturais, a população mundial foi drasticamente reduzida e vive, agora, sob condições climáticas extremas. Há, contudo, alguma esperança. Algumas pequenas comunidades vão sobrevivendo, organizadas como uma espécie de cidades-estado.

Em Ensaio Técnico, o tom não é tão grave. Mas a aparente leveza da proposta não deixa de ser uma espécie de engodo que o autor cria para apanhar o leitor/espectador, eventualmente, distraído. A comunidade aqui visada é a artística e o universo das residências artísticas, mas, de forma muito pouco subtil, está-se, outra vez, a falar de organização política e de vida em sociedade.

Na terceira peça de Mickaël de Oliveira reunida neste volume – Crocodile Club – O discurso é menos metafórico e a realidade aparece mais concretamente visada. Assim, visa-se mais diretamente o crescimento das sensibilidades de extrema-direita e dos populismos, na Europa e em Portugal.