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Sinopse

Poema Cinza

o corpo escreve-se com vime. e fica, depois
do instante, a arborizar o vento.

talvez a água
antes do eclipse.

abre-se como um mapa
por onde os riachos empardecem.

vincos, nós, odor a cisco sob a canícula.
ou espuma também?

toda a terra é memória, lugar
à margem,
horizonte oscilando no tempo
enquanto os pássaros
revoam.

enreda-se na ferida das cidades
e talha as casas, já
o mundo arde
num navio de cores.
vara, por último. negrilho, por exemplo.
bordão
encurvando
para a cinza.

em redor, outras tardes. tardes ao pé da porta,
quem sabe.
tardes, moscas, pedras.
um jeito de harpa
a quebrar-se.
e nenhuma música mais.

música nenhuma, não.


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Autor

José Manuel Mendes

Doutorado em Sociologia pela Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, onde exerce as funções de Professor Auxiliar. Investigador do Centro de Estudos Sociais, tem trabalhado nas áreas dos movimentos sociais e ação colectiva e, mais recentemente, nas questões relacionadas com o trauma, o risco e a vulnerabilidade social. É cocoordenador do Observatório do Risco (osiris) e do Centro de Trauma, sediados no Centro de Estudos Sociais. Das suas publicações destacam-se os artigos «Pessoas sem voz, redes indizíveis e grupos descartáveis: os limites da teoria do actor-rede” (Prémio Análise Social 2011) e “Social Vulnerability Indexes as Planning Tools: Beyond the Preparedness Paradigm”, Journal of Risk Research.

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