René Magritte

René François Ghislain Magritte nasceu em Lessines, na Bélgica, a 21 de Novembro de 1898. Foi o mais velho dos três filhos de Léopold Magritte, alfaiate e comerciante de têxteis, e de Regina Bertinchamps. A mãe viria a suicidar-se em 1912, afogando-se no rio Sambre; Magritte contava catorze anos de idade.
Foi em 1910 que René Magritte começou a ter aulas de desenho, no ateliê de Félicien Defoin, e as suas primeiras pinturas a óleo eram de estilo impressionista.
Amante de cinema, interessou-se também pela imagem dos cartazes e por fotografia, curiosidade aguçada por uma câmara de filmar Pathé, oferecida pelo pai.
Em 1916, René Magritte ingressou na Académie Royale des Beaux-Arts de Bruxelas, onde foi colega de Paul Delvaux, mas encontrou uma formação pouco inspiradora e a sua frequência foi irregular. No início da década seguinte, as suas pinturas começaram a sofrer influência do futurismo e do cubismo de Metzinger.
Magritte cumpriu o serviço militar, em 1920, servindo na infantaria belga, e dois anos mais tarde casou com Georgette Berger, que conhecera na infância, mas que perdera de vista. Por essa altura, trabalhou como designer de cartazes e anúncios numa fábrica de papel de parede, ocupação de que abdicou quando, em 1926, assinou contrato com a Galerie le Centaure, em Bruxelas.
Foi por intermédio de Marcel Lecomte e de Camille Goemans que Magritte travou conhecimento com o dadaísmo e descobriu a pintura Chant d’amour, de Giorgio de Chirico, que sempre descreveu como uma revelação. Em 1926, produziu a sua primeira pintura a óleo surreal, O Jóquei Perdido (Le jockey perdu), e, em 1927, estreou-se com uma exposição em Bruxelas. A recepção crítica não foi, porém, a desejada e Magritte resolveu instalar-se em Paris, onde se tornou amigo de André Breton, Paul Éluar, Salvador Dali, e se envolveu com o grupo surrealista.
A estada na capital francesa foi curta; a Galerie le Centaure encerrou no final de 1929, ano de crise financeira, e, no ano seguinte, Magritte regressou a Bruxelas e retomou o trabalho com publicidade, na agência que dividia com o irmão, Paul.
Os anos trinta foram férteis em exposições e viagens: Bruxelas, Nova Iorque, Londres; mas o fim da década traz a ocupação alemã à Bélgica e uma nova fase de experimentação para Magritte: explorou as técnicas impressionistas no seu «Período Renoir» e levou o surrealismo ao expoente no «Período Vaca», produzindo cerca de quarenta pinturas e guaches em tons berrantes, num exercício que pretendia desafiar os limites do bom gosto.
Foi em 1945 que René Magritte realizou setenta e sete desenhos para ilustrar Os Cantos de Maldoror, obra de Lautréamont, figura misteriosa por cuja obra os surrealistas sempre sentiram uma profunda admiração.
São os anos cinquenta que trazem, finalmente, o reconhecimento mundial a Magritte, artista enigmático, obcecado pela repetição, e que melhor define a sua pintura como sendo composta «por imagens visíveis que não escondem nada; evocam mistério e, de facto, quando se vê uma das minhas pinturas, faz-se a seguinte pergunta simples: “O que é que isto significa?” Não significa nada, porque o mistério não significa nada, é incognoscível.»
Magritte morreu de cancro do pâncreas, a 15 de Agosto de 1967, em Bruxelas.