Com este aspecto esplêndido diz ele que vou pela rua principal as casas resplandecem onde menos se espera na encruzilhada uma delas espreita e diz aqui estou eu sentada abrem-se armários há estolas de raposa cor de rosa velho atentas, vigiando há décadas vestidos negro azeviche brilhante prontos a serem transportados para alguma cidade desfiada e gélida varandas triangulares apontam para o centro do inverno na cauda da cidade um descampado aguarda os cães da tarde perdido em casebres de papel pintado o cheiro a brócolos nas escadas exemplo do pôr-do-sol aqui pousado eternamente.
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Rosa Oliveira
Rosa Oliveira nasceu em Viseu, em 1958.
Foi leitora na Universidade de Barcelona e é professora no ensino superior politécnico.
Publicou os ensaios Paris 1937 (Expo98, 1996) e Tragédias Sobrepostas: Sobre «O
Indesejado» de Jorge de Sena (Angelus Novus, 2001).
Cinza, o seu primeiro livro de poesia (Tinta-da-China, 2013), foi galardoado com o Prémio PEN
Clube Primeira Obra.
Tardio, Tinta-da-China em 2017, obteve o Prémio Literário Fundação Inês de Castro 2017.
Errático foi igualmente publicado pela Tinta-da-China em 2020.
Tem poemas editados nas publicações literárias “Relâmpago”, “Colóquio-Letras”, “Suroeste” (Badajoz), “Eufeme”, “Logos”, “Nervo”, “Folhas, Letras & Outros Ofícios”, “Meteöro” (São Paulo), na revista on line “Trafika Europe” 19, no site de poesia “Lyrikline” e ainda nas antologias Voo Rasante (Mariposa Azual, 2015), Os cem melhores poemas portugueses dos últimos cem anos (Companhia das Letras, 2017), Manu Scripta (SPA/Glaciar, 2018), Mujeres Poetas – Voces de Portugal y Mexico (Ed. Eternos Malabares, México 2018), Sombras de porcelana brava – Diecisiete poetas portuguesas (Vaso Roto, Madrid, 2020).
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