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Fadas, Reis Magos, et Cetera - Contos

Simão dos Reis

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Sinopse

Algumas perguntas nunca encontram resposta. Nunca. Podemos imaginar que as respostas existem e aguardam por nós num país igualmente imaginário, extenso e sem fronteiras que o limitem.

Algumas respostas nunca encontram perguntas. Nunca. Podemos encontrar respostas murmurada ou gritadas pala natureza todos os dias, em todo o lado. Podemos imaginar que todo o input sensorial constitui em si como que uma resposta a algo, mas a quê? A que pergunta?

***

O calor, aliado à humidade da vegetação rasteira, nunca permitia que o horizonte se fixasse e traduzisse numa linha nítida. Tudo acabava por se confundir numa neblina longínqua, donde tudo o que se aproximava emergia, materializando-se aos poucos, e onde tudo o que se afastava se perdia na distância, dissolvendo-se lentamente no ar e desaparecendo – às vezes – para sempre.

Horas antes de um visitante chegar, já os habitantes da casa o tinham detectado como um pequeno ponto que mal parecia deslocar-se, lá ao longe, para depois ir crescendo até se transformar numa carruagem puxada a cavalos, ou num homem carregando um fardo pesado.

A notícia depressa circulava entre as salas e a manhã era passada com as actividades domésticas pontuadas por passagens fugazes por uma das janelas, a avaliar a progressão do visitante e a adivinhar a sua identidade

Nada indicava que ele fosse um rei nem que pudesse executar qualquer magia. Era somente um homem velho, sem coroa, nem ceptro, nem nenhum dos adereços que os habitantes da cidade conseguissem identificar como sinal de realeza. Também não fez nada de prodigioso, não transformou a água da fonte em vinho, as pedras da calçada em prata, nem deu voz a nenhum jumento.

As pessoas interrogavam-se porque teria vindo até ali, já que não era um mendigo como os que andavam de cidade em cidade e para quem o único recurso para obter comida era pedir esmola. Não tendo aparência de mercador, nem de soldado, nem de ladrão, as razões de ter partido em viagem originaram curiosidade.

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Autor

Simão dos Reis

Médico especializado em Patologia Clínica, tem uma relação continuada com o teatro e com o cinema: Curso de Imagem da Escola Superior de Cinema (Lisboa), estágios e workshops de direcção de actores e de encenação. Participou, como assistente de encenação em espectáculos baseados em textos de Shakespeare e Tchekov, e encenou um texto de sua autoria, As Salas Bonfatti. No cinema, colaborou em diversos projectos cinematográficos de Rosa Coutinho Cabral, sobretudo como co-argumentista: Cães sem Coleira, Serenidade, entre outros, e foi coargumentista e co-realizador de A Sétima Letra, filme que representou Portugal no Festival de Locarno em 1989.

Publicou em 2020 na Companhia das Ilhas a colectânea de contos Ilhas Imateriais. Nas Edições Colibri, a colectânea Céu de Lisboa (2022)

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