Um ensaio exemplar de história política, cultural e editorial, tão preciso, rigoroso e objectivo quanto breve. A antecedê-lo, apresenta-se um texto de Pedro Piedade Marques sobre a relação deste “catálogo argelino” das Éditions de Minuit com a edição portuguesa durante os anos da guerra colonial em África (1961-1974).

“Em nome da honra de França, e utilizando todos os recursos do estado de direito, as Éditions de Minuit vão procurar mobilizar a opinião pública nacional e internacional em torno da denúncia da tortura. Tentativa de reconstituição da bússola imaginária que guiou a sua estratégia editorial. (...)

O compromisso de denúncia da guerra da Argélia obriga uma geração que tinha vinte anos sob a Ocupação a viver uma inversão radical, uma situação em que a França, agora no papel da potência ocupante, conduz uma guerra de opressão. (...) O interesse do combate das Éditions de Minuit é o de ter facilitado esta transferência de memória: o catálogo argelino da Minuit não será, ao mesmo tempo, um conjunto de manuais de aplicação da resistência ao alcance de quem recusa a guerra da Argélia?” (Anne Simonin)