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Detalhes do Produto
- Editora: Colibri
- Categorias:
- Ano: 2024
- ISBN: 9789895664726
- Número de páginas: 178
- Capa: Brochada
Sinopse
AEROGRAMA não enviado pelo alferes Quim Ferro – Norte de Angola – 1965 (escrito em letra muito miudinha, para caber)
A nossa guerra é feita por jovens civis, quer dizer militares de ocasião, tecnicamente mal preparados, pontaria zero. A boa preparação que existe é aquela que é intrínseca ao camponês, que é a maioria dos nossos soldados de combate: aguentam toda a carga que lhes ponham nas costas, não refilam, suportam qualquer condição de terreno por mais dura que seja, desertos extensos de capim seco sob sol inclemente, furar caminho pelas paredes verdes da floresta virgem, dormir molhados, adormecer em cima de cascalho ou de troncos nodosos, levar com trovoada, chuva torrencial, formigas carnívoras, matacanhas que se enfiam pelas unhas dentro. Nisso somos os melhores do mundo.
* **
“... bem vejo que isto afecta a disciplina, começa a haver fome e sede e, o pior, medo. Estes quarenta gajos olham-me e olham-me, à espera. Não posso, não sou capaz de dizer: Eh pá! ‘tô perdido, sou tanto tropa como vocês, bardamerda!”
“Começa então o imenso berreiro, um estrondo pavoroso e continuado, as explosões ensurdecem e rasgam-se em estilhaços a procurar a carne no meio da tropa. De seguida, sem parança, irrompe a metralha, devastadora, que mais se vê do que se ouve, que grita a morte nos olhos dos que não se conseguem levantar do chão.”
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