
Detalhes do Produto
- Editora: Companhia das Ilhas
- Coleção: azulcobalto | teatro
- Categorias:
- Ano: 2020
- ISBN: 9789899007215
- Número de páginas: 90
Sinopse
Endgame é o nome inglês para a peça escrita antes em francês, por isso Jogo do fim. O que tem dois sentidos: o de fim da natureza e o fim no teatro, repetição, regresso do mesmo a cada espectáculo, todos os dias começo e fim, jogo. A cena é um refúgio, o nome que sobra na situação pós-apocalíptica instalada, para se dizer home e que em Beckett significa dispositivo cénico, armadilha a que os corpos estão confinados. O fim, entretanto, está no princípio, na história sem história que se desenrola, tudo aconteceu antes e é sinalizado pelos corpos amputados, em perda, condenados a uma imobilidade a que apenas escapa Clov, o “servo” que anda por todos mantendo a mecânica da rotina do que repetem à espera do fim que parece não vir. A catástrofe anterior determina obviamente o que deixou de ser acontecimento, factos, possibilidade de vida nova na vida hoje. Habitam um tempo zero, a observar dos dois janelos, direita e esquerda de cena, a natureza extinta, o deserto que progride e a confirmação disso mesmo — o fim é o horizonte de expectativa e o facto de não surgir converte o jogo num prolongamento absurdo de inacção, pura inércia, propício a um cinismo sarcástico como ar que se respira.
(Fernando Mora Ramos, encenador)