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Glória - Uma Aldeia no Ribatejo

Alves Redol

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Sinopse

"Atravessava a lezíria de Vila Franca em busca de Montalvo, com alguns amigos que convidara para sentirem o arfar do Ribatejo, por uma manhã serena e cálida. As searas iam a sazonar, a caminho da foice, e aqui e além se sentia ainda a dizimação da última cheia, que pouco poupara no seu desígnio furioso. As manadas de éguas e toiros, a tasquinharem nas ervas resplandecentes de viço, erguiam cabeças à nossa passagem. E ao trote largo duma parelha que nos embalava e a mão firme do Pompeu Reis ia dominando, falou-se da lezíria e dos seus habitantes, da sua riqueza e dos costumes que a revolvem. O nosso condutor, cuidadoso jardineiro dos campos que arrenda na campina, contou-nos com emoção o que aprendera no seu contacto com o rancho do Manuel Alexandre, da Glória. Havia ali um filão etnográfico a explorar. Rodrigues Lapa, sempre deslumbrado por tudo que represente labor dos humildes, incitou-me. E naquelas férias de Julho, sobraçando papelada e muito de entusiamo por poder servir, uma vez mais, o povo donde vim e que não traio, dispus-me a enfrentar as dificuldades da recolha. Este ensaio — que outra designação não lhe poderia apor — é pois o produto dessas férias, em que pretendi penetrar e compreender a alma e os costumes das gentes humildes e honradas dessa aldeia branquinha, que ínsoa a charneca, onde outrora se ouviam as trombetas de caça das montarias reais. Segui o processo de palavras e coisas por me parecer o mais eficaz em investigações desta natureza, e assim ilustrarei quanto possível, por desenhos e fotografias, todas as passagens que me pareceram dignas de o ser e a lei imperiosa das circunstâncias o permitiu."


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Autor

Alves Redol

Escritor português, natural de Vila Franca de Xira, António Alves Redol nasceu a 29 de dezembro de 1911 e faleceu 29 de novembro de 1969. Figura central do Neorrealismo português, foi autor de uma vasta obra ficcional, que inclui o teatro e o conto. Filho de um pequeno comerciante ribatejano, obteve um curso comercial e, cedo, teve de se iniciar no mundo do trabalho. Ainda jovem, partiu para Angola à procura de melhores condições de trabalho, mas lá conheceu a pobreza e o desemprego. De regresso a Portugal, à capital, desenvolveu várias atividades profissionais e enveredou nos meandros da oposição ao Estado Novo ingressando no Partido Comunista. De início, tornou-se colaborador do jornal O Diabo, mas a sua veia literária acabaria por se manifestar em 1939. Empenhado na luta de resistência ao regime salazarista, compreendeu a literatura como forma de intervenção social e, nesse mesmo ano, surgiu o seu primeiro romance, Gaibéus, cujo assunto, relacionado com problemas sócio-económicos vividos pelos ceifeiros, fez desta obra o marco do aparecimento do Neorrealismo.

A sua literatura não se caracteriza pela escrita de histórias ficcionadas, mas essencialmente pela abordagem da realidade social e de experiências vividas.

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