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Sinopse

Que anda a vida a fazer por aí com a vida do avesso,

porque urina em muros e se despe ao jeito de côdeas

escoiceando o asfalto,

com impulsos divinos, contemplações,

se a única saída que tem para a seta na aljava

é desviar-lhe o alvo, afrouxar-lhe a vertigem

Porque se veste ao jeito de língua lavrando tornozelos,

se a única saída que tem é um desovar pelo ralo,

a água a morrer de sede

e nós, mãos-atadas, borbotando ovos chocos

Que anda a vida a fazer por aí com a vida do avesso,

porque se põe em passos de roda, reflexos de anil,

toda ela feita deusa deslumbrante,

se a única saída que tem para a roupa na corda

é arremessar-lhe vaga-lumes, pequenas abertas

Agora lembrei-me que, depois, morremos por

conta própria.

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Amostra

Autor

Josefa de Maltezinho

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