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Sinopse

«Ao Arrepio», de 1884, é uma obra que acompanha as excentricidades e angústias do esteta Des Esseintes, e que de tal maneira simbolizou a decadência da cultura da elite francesa do final do século XIX, que foi considerado um breviário do decadentismo. É este o livro amarelo, venenoso, que corrompe Dorian Gray na famosa obra de Oscar Wilde.

«A verve indómita, o talento áspero, desvairado de Goya cativava-o, muito embora a admiração universal que as suas obras haviam conquistado tivesse acabado por desmoralizar um pouco esse entusiasmo, e o fizesse renunciar, durante anos, à vontade de as emoldurar, não fosse essa exposição convidar o primeiro imbecil que acontecesse lobrigá-las para uma qualquer necessidade de dislates e êxtases estudados.

Passava-se o mesmo com os seus Rembrandts, que examinava secretamente, de quando em quando; e, na verdade, tal como a mais bela melodia do mundo se torna vulgar, insuportável, a partir do momento em que o público a trauteia, a partir do momento em que os realejos se apossam dela, a obra de arte que não passa despercebida aos artistas impostores, que os cretinos não põem em questão, que não se contenta em suscitar o entusiasmo de uns poucos, torna-se, ela também, por isso mesmo, manchada, banal, quase repugnante para os iniciados.»


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Autor

J.-K. Huysmans

Charles-Marie-Georges Huysmans nasceu em Paris, em 1848, e mais tarde escolheu para si o nome Joris-Karl Huysmans, que usaria até 12 de Maio de 1907.

Filho único de mãe francesa e pai holandês, aos vinte anos, Huysmans iniciou uma entediante carreira no Ministério do Interior, cujas funções administrativas partilhou com a escrita, ao longo de trinta anos, apenas interrompidos para prestar serviço na Guerra Franco-Prussiana.

Influenciado pelos naturalistas contemporâneos nas primeiras obras, Huysmans integrou um círculo de amigos que incluíam Émile Zola e Guy de Maupassant — os famosos serões de Médan; cedo porém rompe com essa ligação, à medida que os seus romances assumem um conteúdo mais decadente e um estilo mais violento.

«Ao Arrepio», de 1884, marca o início do segundo percurso literário de Huysmans, uma obra que acompanha as excentricidades e angústias do esteta Des Esseintes, e que de tal maneira simbolizou a decadência da cultura da elite francesa do final do século XIX, que foi considerado um breviário do decadentismo. É este o livro amarelo, venenoso, que corrompe Dorian Gray na famosa obra de Oscar Wilde.

Em 1895, Huysmans faz um retiro no mosteiro de Issigny e, profundamente impressionado, converte-se ao catolicismo de que tanto havia desdenhado nos seus romances até então. As suas obras ganham novo rumo, concentrando-se na sua recém-descoberta fé, na arte religiosa da Idade Média, e evidenciando um misticismo que na verdade já o acompanhava.

Embora ampliando os estilos literários, a obra de Huysmans manteve-se constante na riqueza das descrições e do vocabulário, na erudição abrangente, no uso idiossincrático da língua francesa e na viagem espiritual a que submete todas as suas personagens.

Além de escritor, Huysmans foi também um prolífero crítico de arte, e muito contribuiu para o reconhecimento de pintores impressionistas, como Degas. Foi ainda um dos fundadores da Academia Goncourt, que todos os anos concede o prestigiado prémio literário.

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