Detalhes do Produto
- Editora: Sistema Solar
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- Ano: 2024
- ISBN: 9789895680399
- Número de páginas: 320
- Capa: Brochada
Sinopse
Além, romance de 1891, foi levado a grande audácia nos jornais de Paris e multiplicou-se na tiragem até às dezenas de milhares — surpresa num autor de prestígios que mal rompiam o circuito dos intelectuais do Quartier Latin.
Joris, Karl, Huysmans: pelo nome talvez um estrangeiro decidido a escrever em francês. Mas não. Charles-Marie-Georges tinha surgido na literatura apagando as marcas do baptismo (por aversão à mãe, por aversão ao padrasto) e preferia-se todo holandês para honrar a memória de Godfried Huysmans, seu pai litógrafo e pintor que desde os oito anos de idade ele se habituara a visitar no cemitério de Montparnasse.
Solitário, magoado e misógino desde a adolescência, dividido por uma bissexualidade activa mas fechada aos afectos, continuou nesta cor de cinza quando se sentou à secretária de um ministério onde o mandaram vigiar burocraticamente as casas de jogo e os casinos da França. Enfrentou enormes tédios profissionais pela tranquilidade de uma segurança material; cumpriu deveres de cela para respirar a libertação de fins de tarde que o atirava, entre jantaradas e vinho, às turbulências da margem esquerda do Sena.
[…]
J.-K. Huysmans sobrevive numa posteridade discreta, apesar das universidades que o estudam, apesar dos investigadores que o biografam, apesar das colecções de bolso que o editam. Um percurso manso com estremecimentos, como o elogio rasgado de Mallarmé, ou Paul Valéry a profetizar que «os seus livros continuarão a atrair estranhos visitantes e bem extraordinárias correspondências»; André Breton a trazê-lo ao culto das hostes surrealistas; Julien Gracq e Roger Vailland a dizerem o que lhe devem; Drieu La Rochelle a lembrar que ninguém, como ele, «mostrou o homem das cidades na sua suprema imobilidade».
[Aníbal Fernandes]
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