O talento, o humor e a agudeza da observação da sociedade mobilizou o interesse pela gastronomia do escritor e jornalista Luís de Sttau Monteiro.

Se a sua obra literária é extensa e finamente política, a crítica gastronómica foi a plataforma utilizada para exprimir em caricatura sociológica os anos 1969>1975.

Frequentava restaurantes pelo País e como cenário para análise de diferentes contextos sócio-económicos registava as transformações na restauração.

A mesa era o palco onde se exibiam novos sabores, do serviço individual ou colectivo (snack, churrasqueira) e as influências galegas, francesas e americanas.

A escrita, a capacidade de comunicação e a participação mediática activa conquista um amplo público que não resiste à leitura e graças ao sarcasmo, vai integrando uma certa pedagogia do saber gastronómico. Em especial na revista Almanaque, no Diário de Lisboa com A Mosca no Prato e mais tarde A Melga. Com vários pseudónimos publica várias crónicas celebrizando as Redacções da Guidinha.

A autora, Fátima Iken após uma licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas na Universidade do Porto, obteve o grau de Mestre em A História da Alimentação. Fontes, Sociedade e Cultura na Faculdade de Letras de Coimbra. Jornalista especializada na área enogastronómica, história do património alimentar português, cursando, atualmente, o doutoramento em Patrimónios Alimentares: Culturas e Identidades na Universidade da Coimbra. Publicou o livro Códice de Sabores Português, em 2019. Foi coautora da agenda cultural da Área Metropolitana do Porto e diretora do jornal O Comércio do Porto, colaboradora das revistas Visão Viagens, Notícias Magazine, Expresso, Cuisine et Vins, Wine-Essência do Vinho e na Revista de Vinhos.

Neste livro: a escrita e o prato, Fátima Iken aprofunda a investigação que nos permite revisitar a obra de Luís de Sttau Monteiro e a especificidade alimentar de um período de transição histórica.