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Sinopse

A cartografia do humano em Uma Viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares.

Este ensaio analisa alguns dos temas e motivos fundamentais de Uma viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares em relação com o seu hipotexto, Os Lusíadas, e com Ulysses de James Joyce, de cujo protagonista, Bloom, se apropriou. Procura‑se compreender não só como se atualizam episódios e temas da epopeia camoniana, mas também como se investe de valor filosófico e civilizacional uma figura, Bloom, que pode representar uma época em que o tempo disponível parece obrigatoriamente ter de ser gasto em entretenimento, o que pode ter como efeito o acentuar do peso da existência que se pretendia suspender ou eliminar. Segundo uma linha de interpretação do subtítulo da obra, “Melancolia contemporânea – um itinerário”, segue‑se de perto o fim da fome de destino de Bloom. Não sendo possível suspender a lei da gravidade, Bloom acaba por cair, provando que, depois do pior, as coisas podem continuar a piorar. Torna‑se niilista, encolhe os ombros a todas as expectativas de sentido e ação. E o leitor fica a ponto de compadecer‑se, não fosse a lucidez tavariana a contracorrente, quando Bloom regista, em pensamento, “Em todo o mundo o mundo é mundo. / Não há interrupções em forma de não‑humanidade” (Uma viagem à Índia, canto IX.15). Não se trata de uma obra pessimista, apesar de o protagonista o ser, depois de uma pouco sábia administração da melancolia pelos dias, oscilando vertiginosamente entre la vie en rose e o desespero a negro. Mas uma obra que, nos seus excursos (os quais ocupam a maior parte da obra), argumenta e dá prova empírica da importância do desejo (Deleuze), da alegria (Nietzsche) e do dever ético de aceitar o devir.

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Autor

Pedro Meneses

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