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Sinopse

«A minha tarefa, a que tento dar realização, é levar pelo poder da palavra escrita o leitor a ouvir, levá-lo a sentir — e acima de tudo a ver. Isto — e nada mais, e é tudo.»

Quando Conrad publicou em 1903 este Tufão (narrativa de uma linearidade distante das complexidades de longo fôlego imaginadas por si nesta época) já era reconhecido autor de várias obras literárias, umas quantas destinadas a futura celebridade, como The Nigger of the «Narcissus» (1897), Youth (1898), Heart of Darkness (1899), Lord Jim (1900); e consumava com ela a sua terceira e última relação literária central com uma tempestade marítima.

Poderia tomar-se este Tufão como exclusivo pretexto para palavras que fizessem chegar a magnífico umas quantas descrições de mar em fúria, sem muito visível equivalente na história da Literatura, mas em Conrad há sempre o essencial desejo de mostrar o homem como criatura não autónoma, parte do elemento que o envolve e corajosamente enfrenta. Ele próprio escreveu, a lembrar-se desta ameaça latente da vida dos homens no mar: «Parece que as tempestades foram enfrentadas como inimigos pessoais […] mas são adversários [que pertencem ao mundo], com ardis que temos de dissuadir, ultrapassar na violência, e com os quais temos de viver dias e noites.»

[...]

Quando Tufão foi publicado em livro [...] Conrad sentiu a tentação de desfazer alguns equívocos:

«Logo que o capitão MacWhirr me surgiu, vi que era o homem para a situação. Não quero com isto dizer que o tenha visto em carne e osso, ou mesmo que tenha entrado em contacto com o seu espírito prosaico e o seu indomável temperamento. MacWhirr não é um conhecimento de umas quantas horas, ou de umas quantas semanas, ou de uns quantos meses. É o produto de vinte anos de vida. Da minha própria vida. Nele, a invenção consciente pouca parte teve. Se é verdade que o capitão MacWhirr nunca andou nem respirou neste mundo (o que eu acharia, pela minha parte, muito difícil de acreditar), também posso assegurar aos meus leitores que é de uma absoluta autenticidade. E posso aventurar-me a garantir o mesmo no que respeita a todos os pormenores da história, confessando também que o particular tufão da narrativa é, de facto, da minha pessoal experiência.

[Aníbal Fernandes]

 

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Autor

Joseph Conrad

Joseph Conrad nasceu na Ucrânia a 3 de dezembro de 1857, filho de pais polacos, exilados devido a atividades políticas. Conrad ficou órfão de pai aos onze anos, tendo sido deixado ao cuidado de um tio materno que exerceu grande influência sobre ele. A partir de 1874, Conrad, então a viver em Marselha, iniciou a sua aprendizagem como marinheiro, tendo ingressado na Marinha Mercante Britânica e adotado a nacionalidade inglesa em 1886. Depois de publicado o seu primeiro romance, Almayer’s Folly, em 1895, Conrad abandonou a vida de marinheiro. Embora os livros sobre temas marítimos sejam numerosos e exista a tendência para o imaginar sempre a bordo de um veleiro, a verdade é que passou os últimos trinta anos da sua vida em terra, numa sedentária vida de escritor, no condado de Kent. Conrad era conhecido por dois aspetos contraditórios do seu caráter. Era ao mesmo tempo irritável e amável. Todos os que o conheceram afirmavam também que era um homem de grande ironia. Usava monóculo, não gostava de poesia, exceto dos versos do seu amigo Arthur Symons e talvez de Keats. Detestava Dostoievski por ser russo e escrever romances que lhe pareciam confusos. Era um grande leitor, sendo Flaubert e Maupassant os seus autores favoritos. Durantes muitos anos, Conrad atravessou dificuldades financeiras e sentiu a incompreensão dos críticos e a indiferença dos leitores. O livro que o tornou conhecido foi Chance, publicado em 1913. Nos dez anos que se seguiram tornou-se um dos mais reconhecidos autores de língua inglesa. Conrad casou-se aos 38 anos, nunca deixando de oferecer um presente à sua mulher cada vez que acabava um dos seus livros. Morreu subitamente a 3 de agosto de 1924, na sua casa em Kent, na Grã-Bretanha. Sentira-se mal no dia anterior, mas nada deixava adivinhar a iminência da morte.

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