Sinopse
Este livro foi publicado por ocasião da exposição «Pedro Cabrita Reis - Ridi Paglaccio»,
com curadoria de António Gonçalves, realizada na Galeria Ala da Frente, em Vila Nova de
Famalicão, de 15 de Outubro de 2016 a 21 de Janeiro de 2017.
A ópera a que Cabrita Reis [Lisboa, 1956] se refere no título desta exposição, Pagliacci,
é considerada uma peça do verismo de Leoncavallo, autor contemporâneo de Wagner, e aparece
como leitmotiv de um projecto desenvolvido especialmente para a Galeria Trem e agora
exposto na Ala da Frente - uma série de desenhos que se sobrepõem a imagens do álbum
pessoal do artista, nada oficiais e, algumas delas, profundamente íntimas. O artista,
nestas imagens, ora actua ora se despe para uma plateia que não conhecemos, mas da qual
passamos a fazer parte, convocados, pela obra, a participar desta claque. Há um
desvelamento absoluto em cada uma mas, ao mesmo tempo, marca-se claramente um
distanciamento entre artista e espectador, entre personagem e persona, entre Cabrita Reis
e as suas imagens. Porque o artista não se expõe, reinventa-se. [
]
O artista é uma pessoa e é para ela que o autor escreve a sua ópera. O fato de palhaço é
apenas um fato. Também a obra de Cabrita Reis é um fato que lhe cai bem e que ele exibe
com mestria, ao mesmo tempo que nos convida a participar da sua intimidade,
confundindo-nos com a sua obra-fato-artista. Sem ser um autor romântico, Cabrita Reis
persegue a obra de arte total a cada nova exposição, a cada nova mostra daquilo que faz e
que é parte integrante daquilo que ele é.
Mirian Tavares