Detalhes do Produto
- Editora: Colibri
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- Ano: 2016
- ISBN: 9789896895952
Sinopse
Não saberei dizer em que escola, propriamente, me filio, na posição teórica que assumo.
Talvez um funcionalismo de forte acento social, um imenso desejo de que o que escrevo
venha a servir a comunidade que estudei e a nação a que pertenço. E, juntamente, um pendor
pedagógico que me vem da vocação e do ofício. Sempre estou querendo ensinar, tornar claro
e acessível o que escrevo. Daí que, uma vez por outra, entre em desvios, que se terão por
escusados, mais para notas um tanto soltas do que para corpo organizado: o leitor me
perdoará tais digressões. Cansarão, seguramente, os entendidos, mas satisfarão, creio, os
que precisam de aprender.
(
) O povo de Pitões me ensinou a ser mais directo, mais autêntico, mais o que sou e menos
o que me obrigam a ser. Na sua linguagem livre estava o homem livre com que cada um de nós
devia reencontrar-se neste mundo de formalidades e disfarces. Esta, uma das grandes lições
que me deu. A outra, porventura maior, foi a que quotidianamente de todos recebi e
constitui a própria substância do livro. Eles mo ditaram, só o escrevi.
Manuel Viegas Guerreiro
Como acontece em outros livros, Manuel Viegas Guerreiro defende, em Pitões das Júnias,
que há como que uma ligação direta e imediata entre a realidade cultural que observa e o
texto que a descreve. O autor não seria mais do que um instrumento, um intérprete duma
composição que é realmente composta pela comunidade que estudou: «A outra [lição],
porventura maior, foi a que quotidianamente de todos recebi e constitui a própria
substância do livro. Eles mo ditaram, só o escrevi.» Esta forma de encarar a relação entre
o especialista que realiza o estudo e a comunidade que é estudada é um dos aspetos mais
originais do pensamento de Manuel Viegas Guerreiro.
Francisco Melo Ferreira - Grupo de Investigação de Tradições Populares Portuguesas -
Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da
Universidade de Lisboa