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Sinopse

O escritor Henry James [1843-1916] prolongou-se numa obra literária de 135 títulos publicados entre 1864 e 1917 (na sua maior parte com o texto posteriormente revisto pelo autor) e coleccionados nos 24 volumes de The Novels and Tales of Henry James da New York Edition de 1917. Reconhecido com parcimónia pela crítica e pelo público do seu tempo, prejudicado pela fama de escritor difícil e com histórias de acção mínima espalhada por um grande número de páginas, depois da sua morte passou por um esquecimento quase absoluto até à «redescoberta» que o mantém hoje como grande referência na literatura em língua inglesa do final do século XIX. O reaparecimento deste gigante foi desde logo celebrado por T.S. Eliot e Ezra Pound; foi tema de um emocionado poema de W.H. Auden: «Oh, severo procônsul de indóceis províncias / Oh, poeta da dificuldade, querido artista consagrado», são dois dos seus versos; sugeriu ao narrador de «The Green Hills of Africa» (a conhecida novela de Ernest Hemingway) a sua inclusão entre os maiores escritores da América, ali associado a Stephen Crane e Mark Twain. […] Este «poet of the difficult» celebrado por Auden - o que afastava leitores das suas ficções mais extensas - fazia-se mais acessível quando o número de palavras aceite por jornais e revistas o constrangia à disciplina da história não diluída naquela onda larga, a que melhor servia e mais brilho dava, de resto, à sua experiência formal. James também sabia levar a bom termo um esforço de contenção que atingia com poucas páginas o que ele chamava «the real thing» (a coisa autêntica) - título, aliás, de um destes textos, e considerava objectivo central em toda a exposição literária. Cerca de 80 ficções dominadas por esta economia surgiram nas suas Obras Completas de Nova Iorque. Há nas ficções curtas de James bastantes surpresas ligadas à sua arte de saber insinuar conteúdos latentes sob outros explícitos, de ultrapassar as evidências do visível, de nos obrigar a descobrir qual é «the figure of the carpet» (o nunca descrito desenho do tapete).

O Mentiroso é uma das suas pequenas novelas menos conhecidas e, apesar disso, dominada por uma cintilante singularidade. [Da Apresentação de Aníbal Fernandes]

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Autor

Henry James

Henry James nasceu em Nova Iorque em 15 de Abril de 1843. Era filho do filósofo Henry James e irmão do psicólogo William James. O pai procurou dar aos filhos a melhor das educações. A família viajou para a Europa em 1855 e durante três anos percorreu os museus e os teatros franceses, suíços e ingleses. Regressou aos EUA em 1858, mas dois anos depois Henry e William voltariam a Inglaterra para estudar com o pintor William Morris Hunt. Henry James inscreveu-se em Direito em Harvard em 1862, mas o seu interesse pela literatura e a leitura de Balzac, Hawthorne e George Sand levaram-no a abandonar o curso. Já então se revelava um espectador da vida, recusando-se a participar no que ela tinha de mais emocional, o que o não impediu de ter uma intensa actividade social. No começo de 1869, visitou diversos países europeus, regressando a Cambridge em 1875. Passou depois um ano em Paris, onde conheceu Daudet, Maupassant e Zola. Em 1876, fixou-se em Londres, onde escreveu The American (1877), Daisy Miller (1878) e a que é talvez a sua principal obra, Retrato de Uma Senhora (1881). O seu tema recorrente é o confronto de valores entre os Estados Unidos e a velha Europa e, em particular, a questão da inocência. Mas, apesar da importância das suas personagens femininas, as suas relações sentimentais com mulheres foram quase inexistentes, apesar de o sexo não lhe ser de modo algum indiferente. Embora tenha vivido quarenta anos em Inglaterra, considerava ridícula a ideia de casar com uma britânica. E disse certa vez a uma amiga, ao falar sobre o casamento: «Tal como estou, sou bastante feliz e bastante desgraçado, não desejo acrescentar nada a nenhum dos pratos da balança.» Os que o conheceram na meia-idade recordam- no como um homem alerta, nervoso, gesticulante e ao mesmo tempo de fala pausada. Na segunda fase da sua vida literária, escreveu três romances de conteúdo político e social: The Bostonians (1886), The Princess Casamassima (1886) e The Tragic Muse (1890). Entre 1890 e 1895, escreveu sete peças de teatro, procurando afirmar-se como dramaturgo (duas foram encenadas, sem êxito, como nos conta David Lodge em Autor, Autor). Na década de 1890, publicou duas obras notáveis, O Que Maisie Sabia (1897) e A Volta do Parafuso (1898), onde o olhar inocente das crianças se integra no universo onde o mal espreita. As duas principais obras finais, As Asas da Pomba (1902) e A Taça Dourada (1904), caracterizam-se por uma prosa mais densa e intrincada, até porque os textos eram ditados à sua secretária. Passou a maior parte dos últimos oito anos em Lamb House, na província de Rye, acompanhado de quatro criados, jardineiro, secretária e numerosas visitas, tendo como vizinhos Joseph Conrad e Ford Madox Ford. Em 1915, James adoptou a cidadania britânica, solidarizando-se com o país em guerra. Morreu na tarde de 28 de Fevereiro de 1916, com 72 anos, após uma longa doença passada entre sombras, homenagens e delírios.

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