Detalhes do Produto
- Editora: Relógio d' Água
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- Ano: 2012
- ISBN: 9789896412852
- Capa: Brochada
Sinopse
Gozar a Natureza! Alegra-me poder dizer que se trata de uma faculdade que eu perdi
completamente. Dizem-nos que a Arte nos faz amar a Natureza mais do que a amávamos antes;
que nos revela os seus segredos; e que, depois do estudo atento de Corot e de Constable,
passamos a ver nela coisas que tinham escapado à nossa observação. A minha própria
experiência é que, quanto mais estudamos a Arte, menos nos ocupamos da Natureza. O que a
Arte realmente nos revela é a ausência de propósito na Natureza, as suas curiosas
grosserias, a sua monotonia extraordinária, a sua condição absolutamente incompleta. A
Natureza tem boas intenções, evidentemente, mas, como disse uma vez Aristóteles, não é
capaz de as levar por diante. Quando olho para uma paisagem, não posso impedir-me de ver
todos os seus defeitos. É, todavia, uma sorte para nós que a Natureza seja tão imperfeita,
uma vez que de outro modo, pura e simplesmente, não teríamos arte. A Arte é o nosso
protesto enérgico, a nossa denodada tentativa de ensinarmos à Natureza o lugar que lhe é
adequado. Quanto à variedade infinita da Natureza, trata-se de um puro mito. É coisa que,
na própria Natureza, não se encontra. Reside na imaginação, ou na fantasia, ou na cegueira
cultivada do homem que olha para ela.