"Ler este livro é fazer uma viagem.

Pensei escrever o prefácio em diálogo com o próprio autor, mas, refletindo melhor, resolvi lançar as palavras secas que respeitam, admiram e valorizam, sem interpelações, quem, de forma resiliente, se reinventou e teve a coragem de seguir caminho; quem se conta, contando outro, mas, no fim de tudo, evidencia com inegável coragem a sua forma de existir; quem, como todos, sofre e alegra-se numa forma de fazer justiça ao dom da vida que representa qualquer uma, mesmo que interceptada em algum momento por uma doença mental.

(…)

O António aprendeu com os dissabores da sua doença mental que tem sobejas razões para viver e para ser gente que conta, num tempo e num espaço social tão exigentes, por vezes tão injustos e tão imaturos. 

(…)

Cabe-me, ainda, dizer-lhe, Luís, que o seu trabalho criativo pode ser um imenso sinal de esperança e de reencontro para tantos que sofrem com uma doença mental; para tantos que dela se envergonham; para tantos que julgam já ter perdido tudo nesse encontro temporário, mais ou menos prolongado, com alucinações e delírios que os arrancaram à realidade, mas que, com alento e coragem, os podem devolver à vida. 

Obrigada! 

In prefácio “O António e o Encontro com o Mundo”

Margarida Cordo, Dra."