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O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro

Natália Correia

3 dias



13,90 €

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Sinopse

No ano do centenário de Natália Correia, celebramos com um livro da poeta a juntar-se à colecção de poesia dirigida por Pedro Mexia.

Quando esteve na América, Natália Correia não gostou do que viu, e descobriu que era europeia, título de um livro seu de 1951. Duas décadas depois, na sequência de viagens a cidades europeias, entusiasma-se com a beleza e a natureza, o cosmopolitismo e a liberdade (estávamos em 1973, à beira de voltarmos a ser «apenas» europeus), mas inquieta-se com o economicismo, a tecnocracia e a homogeneização, motivos que a levariam mais tarde a tornar-se «euro-céptica». Tal como no famoso desenho de Klee que Walter Benjamin usou como alegoria, o anjo que preside a esta sequência de poemas gozosos e zangados, densos e verbalmente exímios, dirige o rosto para o passado e para a catástrofe da História, desejando acordar os mortos e juntar os fragmentos, mas a tempestade do progresso impele-o para o futuro. À porta dos 50 anos, Natália pergunta «mas então não sabiam que isto dos continentes / está sempre a deslizar», enquanto nos mostra, voraz, catedrais e cruzadas, impérios e aeroportos, valsas e vaticanos, Ulisses e o turismo, Beethoven e o minotauro, Goethe e Guilherme Tell, Sissi e os nazis, deuses e destroços. — Pedro Mexia.


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Autor

Natália Correia

Natália Correia nasceu na Fajã de Baixo, São Miguel, Açores, em 1923. Foi editora, jornalista e fundadora do Botequim, mítico bar da boémia intelectual lisboeta. Militante oposicionista no MUD e na CEUD, foi condenada judicialmente, com pena suspensa, pela publicação da Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica (1966), que organizou, e esteve também ligada à edição das Novas Cartas Portuguesas (1972). Em democracia, integrou, como deputada independente, as bancadas parlamentares do PPD e do PRD. Estreou-se na poesia com Rio de Nuvens (1947), a que se seguiram Poemas (1955), Dimensão Encontrada (1957), Passaporte (1958), Comunicação (1958), Cântico do País Emerso (1961), O Vinho e a Lira (1966), Mátria (1968), As Maçãs de Orestes (1970), A Mosca Iluminada (1972), O Anjo do Ocidente à Entrada do Ferro (1973), Poemas a Rebate (1975), Epístola aos Iamitas (1976), O Dilúvio e a Pomba (1979), O Armistício (1985) e Sonetos Românticos (1990, Grande Prémio de Poesia da APE). A obra poética foi reunida em O Sol nas Noites e o Luar nos Dias (1993) e Poesia Completa (1999). Escreveu igualmente ficção, teatro e ensaio. A sua personalidade exuberante, o seu activismo feminista e cultural e os seus programas televisivos ficaram célebres. Morreu em 1993, em Lisboa. Em 2015, as cinzas foram trasladadas para São Miguel.

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