... É difícil sobrestimar o prazer que espera o leitor, ou o maravilhoso guia que Moore é. Embora muito poucos destes compositores sejam nomes conhecidos [...] a leitura destas recensões, juntamente com as gravações, torna cristalina a quantidade de música absolutamente extraordinária que há para ouvir. Vez após vez somos levados a composições originais e deslumbrantes, e há algo para todos. Quer gostes de sinfonias ou nonetos, de música para acordeão, harpa ou trompa; de composições sobre Ofélia, Heráclito, Macbeth ou Josef Čapek; de concertos para viola, saxofone, trombone, violoncelo, piano, trompete e até de um concerto para orquestra; ou de uma série de extraordinários quartetos de cordas, vais certamente encontrar aqui algumas composições que te vão abrir os olhos e talvez até mesmo que te vão deixar boquiaberto. E podes perguntar-te o que Tom Moore se pergunta frequentemente nestas críticas: como é possível que eu não conhecesse esta música?”.

[MICHAEL BECKERMAN, do Prefácio] ***

...O concerto para piano num só andamento de Luboš Fišer (1935- 1999), certamente o compositor mais conhecido aqui, é completamente diferente. Ao rever a sua sonata para piano n.o 4, incluída num levantamento da música checa para piano gravada por Radoslav Kvapil, comentei as “oitavas violentas, fortíssimo” e a sensação contínua de luta. O mesmo se verifica certamente aqui. O clímax do andamento leva o solista a uma série de sonoridades violentas, primeiro agudas, depois graves, uma e outra e outra vez, como decerto nunca tinha ouvido antes [...] Não é surpreendente que um artigo checo sobre o compositor se intitule “As visões apocalípticas de Luboš Fišer”. O que será que esta linguagem musical transmitia aos ouvintes de Praga em 1980?...