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Sinopse

«Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades», defendia Camões, contemporâneo de Erasmo, mas a loucura reina imutável e suprema. Daí que este encómio da Loucura a si mesma tenha sobrevivido mais de 500 anos desde a sua primeira publicação, em 1511, e seja tão atual hoje quanto no dealbar do século XVI, ainda que os seus principais apaniguados já não usem batina — embora a usem também —, mas se apresentem em público de fato e gravata, ou já nem de gravata.

Neste elogio de si mesma, a Loucura apresenta-se sob a forma de uma mulher dirigindo-se a um auditório composto por toda a Humanidade, expondo ao ridículo os vícios e as manias da sociedade do período que corresponde à transição da Idade Média para o Renascimento. Nenhuma classe, nenhum uso e nenhum maneirismo são poupados à crítica viperina da Loucura. Todas as baixezas são impiedosamente elencadas, para gáudio da sua mentora, a inultrapassável oradora deste discurso, a quem todos, de uma maneira ou de outra, prestam tributo e vassalagem.

Numa prosa tão rica quanto sarcástica, aqui vertida diretamente do latim (ao que tudo indica, pela primeira vez), com um irresistível travo arcaizante, por António Guimarães Pinto, a Loucura celebra a juventude, o prazer e a embriaguez, ao mesmo tempo que critica as pretensões e fragilidades humanas, sobretudo as do clero, classe a que Erasmo pertencia, antepondo essa forma baixa de demência à elevada «loucura» da simples piedade cristã.

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Autor

Erasmo de Roterdão

Desiderius Erasmus Roterodamus ou Desidério Erasmu de Roterdão (1466-1532) foi um filósofo e teólogo holandês conhecido como o «Príncipe dos Humanistas». Pouco se sabe sobre a sua vida. Terá sido filho de um padre católico e da sua provável caseira, filha de um médico. Apesar de não serem legalmente casados, terão educado Erasmo até ao seu falecimento prematuro em 1483, vítimas da peste.

Terá passado pelas mais importantes escolas monásticas do país e, numa delas, para além dos clássicos latinos teve a disciplina de grego clássico pela primeira vez ensinada em toda a Europa num nível de ensino inferior à Universidade.

Apesar de ser um devoto praticante, Erasmo cedo se insurgiu contra os extremismos da vida monástica. É ordenado sacerdote em 1492. Em Stein ter-se-á supostamente apaixonado por um colega cônego ao qual escreveu catas apaixonadas. Pouco tempo depois conseguiu o cargo de secretário de um Bispo devido ao seu superior conhecimento de latim. Seguidamente em virtude dos seus conhecimentos humanistas, recebeu uma dispensa temporária dos votos religiosos - apesar de se ter mantido padre - e, no papado de Leão X, essa dispensa foi prolongada indefinidamente pelo próprio Papa, uma circunstância deveras incomum.

Por meio dessa dispensa foi estudar na Universidade de Paris onde se cruzou com alguns dos nomes maiores do Renascimento católico.

Aceita, em 1499, o convite de um jovem e atraente Barão para visitar Inglaterra e lá trava conhecimento com os grande pensadores ingleses entre os quais Thomas More de quem se tornou grande amigo. Estuda na Universidade de Oxford onde descobre a verdadeira importância dos textos gregos e, de 1510 a 1510, lecciona e estuda na Universidade de Cambridge mas parte por motivos de saúde e para estudar as fontes gregas que lhe dariam um melhor conhecimento sobre as origens do cristianismo.

Durante essa estada teve, ainda assim tempo para visitar Itália e outros países tornando-se um dos epicentros da discussão intelectual da época.

Entre o estabelecimento de um colégio trilingue na universidade de Lovaina (grego, latim e Hebraico) e a criação de um centro de operações do humanismo católico em Basileia, Erasmo continuava o seu projecto de terminar uma bíblia mais próxima dos textos originais. E enquanto essa projecto se desenvolvia, Erasmo, como muitos dos seus colaboradores e correspondentes, iam descobrindo textos julgados perdidos que constantemente alteravam o percurso do projecto principal trazendo novas perspectivas e leituras.

A sua edição do novo testamento em grego serviu de base a Martinho Lutero com quem Erasmo viria a ter uma tremenda disputa intelectual no começo dos movimentos protestantes e reformistas.

A verdade é que uma posição de não compromisso deixou Erasmo mal-visto entre os reformistas e os tradicionalistas. Foi acusado por ambos de falta de coragem e compromisso. Com o surgir dos conflictos sociais originados pela disputa intelectual e teológica de reformistas e da Igreja de Roma muitos acabaram por dar razão à posição conciliadora de Erasmo que abominava a pena de morte para hereges e outros extremismos.

Em 1530 as vendas de livros de Erasmo quer sobre assuntos religiosos quer sobre assuntos laicos representavam cerca de 20% vendas de Livros na Europa.

Morre subitamente em 1536 quando se preparava para partir para Brabante após convite da Rainha da Holanda.

Os seus textos, traduções e edições bem como a sua extensa correspondência marcaram boa parte da discussão teológica e filosófica durante os séculos seguintes.

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