Nada de mais atual, nada de mais perene, do que aquilo que o livro da Maria do Céu Pires nos oferece, a começar pela vontade de justiça, a mais antiga, pela forma de entender o papel das pessoas nas decisões que as afetam e, pensando nos últimos 200 anos, nas ideias de democracia e de cidadania. Sucede que estas palavras não têm o mesmo valor, o mesmo significado, ao longo de todo este tempo e os desafios que se colocam hoje nestes campos não são os mesmos de há 20 / 30 anos. Daí a atualidade deste livro. Intervém no momento preciso em que os assuntos doem. [JOÃO LUÍS LISBOA (Professor na FCSH da Universidade Nova de Lisboa)]

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(...) repensar a intervenção dos humanos no mundo tornou-se hoje, fruto da crise do modelo económico, social, político e existencial vigente, uma necessidade com caráter de urgência. É indispensável repensar o sentido da vida individual e da vida coletiva nas suas diversas dimensões; refletir sobre os mecanismos da justiça social e tentar encontrar novos modos de estruturar a com–vivên-cia. (...)

É o momento para afastar a violência, a cegueira do fundamentalismo e do populismo e dar palco à palavra. Só no diálogo entre todos os afetados podemos encontrar as formas mais razoáveis, quer dizer mais justas, de viver. É tempo de voltarmos a dialogar com os filósofos e com as filósofas, pois só com o pensamento crítico, com a análise racional dos problemas e dos seus contextos poderemos não sucumbir ao desespero e à angústia do tempo presente, tão repleto de sombrias expetativas.