Detalhes do Produto
- Editora: Assírio & Alvim
- Coleção: Documenta Poetica
- Categorias:
- Ano: 2000
- ISBN: 9789723706079
- Capa: Brochada
Sinopse
«"O Poema ensina a cair" escreveu Luiza Neto Jorge. O poema que nos leva por vezes por caminhos impraticáveis, ao ponto de os percursos se preencherem com o sangue das vivências pessoais e a poesia entretecer uma sede que se agarra às fontes dos dias, vestindo por dentro a vida e deixando o exterior às barcas inconformadas, navegando incessantemente devido à escassez de portos. Serve isto para compreender o livro de José Agostinho Baptista, que por justificadas razões se chama Biografia.
Este livro contém uma vida de sonhos, alegrias, depressões, delírios geográficos e afectivos, nostalgias várias e febris, paisagens exóticas levantadas de soalhos defeituosos, viagens imaginárias de demanda e encantamento, sofrimentos no mais fundo da escuridão, e sempre o sentido colectivo da festa, da partilha, da cumplicidade da busca e do delicado disfarce, e também de uma grande solidão.
Mas convém dizer que a obra de José Agostinho Baptista, hoje reunida num volume de quase setecentas páginas, teve de caminhar por conta própria, só e autónoma, à margem da crítica e do consenso poético predominante e mais ou menos escolar. Por persistência e, neste caso também, cumplicidade editorial, ao longo de mais de vinte anos, José Agostinho Baptista foi construindo pacientemente a sua obra. Alguns livros foram simplesmente ignorados pela crítica, na época tão eficaz nas suas deslocações e imposições do gosto. Desde o Juvenil, do saudoso Diário de Lisboa, até ao livro, finalmente triunfante, Agora e na Hora da Nossa Morte que o poeta construiu uma obra contra o gosto dominante. Na altura, a emoção, a poesia vivencial e onírica não estavam na moda, diziam-na naïf ou feita de emoções primárias, pouco intelectualizadas e nada conforme aos padrões internacionais. Curiosamente hoje, José Agostinho Baptista pode orgulhar-se de uma obra pessoalíssima no universo da mais recente poesia portuguesa e no melhor da sua tradição. Paradoxalmente, a crítica vem reconhecendo o seu valor emocional e estético.
José Agostinho Baptista é um grande poeta no sentido mais completo do termo. Avesso a associações, grupos, tertúlias ou recitais, continua a deambular nocturnamente pela cidade, a beber e a conversar como um vulgar cidadão cuja inquietação, busca e sonho de cidades imaginárias, os transatlânticos, prontos a partir, agitam como uma bandeira içada em alto mastro. E essa bandeira é a poesia, que agora podemos ler, corrigida e aperfeiçoada num volume para saborear e guardar, com o mesmo cuidado e prazer que aplicamos à rememoração dos melhores sonhos.»
Manuel Hermínio Monteiro, no número 81 da publicação A Phala.
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