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A Torção dos Sentidos - Pandemia e remediação digital

João Pedro Cachopo

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Sinopse

O que revela a pandemia sobre o mundo em que vivemos? De que modo está a transformar as nossas vidas? Como podemos e devemos posicionar-nos em termos éticos, políticos e artísticos perante estas transformações? 

Paulatinamente, sem que disso nos apercebamos, a pandemia e as medidas tomadas para contê-la estão a transformar as nossas vidas. Não me refiro às belas mascarilhas. Nem às restrições à mobilidade. Nem sequer às angústias com as vagas de contágio. Ou refiro-me a tudo isto, tomando-o pelo que é: um conjunto de epifenómenos. Pois o acontecimento - sobre o qual poderíamos dizer, recordando uma expressão de Nietzsche, que nos deixa atónitos, a contar «as doze badaladas vibrantes daquela nossa vivência, da nossa vida, do nosso ser» - tem outra fundura: é um abalo dos alicerces que sustentam a imaginação do próximo e do distante que revolve o sentido de tudo o que sabemos, podemos e desejamos. É este revolvimento que designo por «torção dos sentidos». O acontecimento, por outras palavras, consiste no impacto crescente que o cruzamento entre isolamento profiláctico e uso exacerbado de tecnologias de remediação exerce sobre os sentidos que dão sentido à nossa existência no mundo. São cinco os sentidos abordados neste ensaio: o amor, a viagem, o estudo, a comunidade e a arte. Dir-se-ia uma lista sem nexo, quase apetecendo compará-la com a taxinomia de animais, recolhida por Jorge Luis Borges numa «certa enciclopédia chinesa», que Foucault recorda à entrada de As Palavras e as Coisas. O que justifica a sua reunião? Como é óbvio, não se trata de sugerir que só estes sentidos conferem sentido à existência humana. O que justifica esta constelação, que não é nem pretende ser exaustiva, é o facto de todos eles dependerem, em virtude não só do que significam para nós mas também de como significam para nós, do reconhecimento do próximo e do distante e se configurarem como exercícios de aproximação e distanciamento. 

[João Pedro Cachopo]


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Autor

João Pedro Cachopo

João Pedro Cachopo é musicólogo e filósofo. Actualmente, lecciona na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde integra o Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical. Foi Investigador Visitante na University of Durham (2012) e na Columbia University in the City of New York (2015), além de Professor Convidado na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e na Universidade Federal de Campinas (2016). Entre 2017 e 2019 foi Marie Sklodowska-Curie Fellow na University of Chicago. Os seus interesses de pesquisa incidem sobre a relação entre estética e política, a interacção entre as artes e questões de remediação, dramaturgia e crítica. É o autor de Verdade e Enigma: Ensaio sobre o Pensamento Estético de Adorno (Vendaval, 2013), que recebeu o Prémio Primeira Obra do PEN Clube Português em 2014, bem como de ensaios publicados em revistas como New German Critique, The Opera Quarterly, Europe: Revue Littéraire, Colóquio Letras ou Electra. Co-editou Rancière and Music (Edinburgh University Press, 2020), Estética e Política entre as Artes (Edições 70, 2017) e Pensamento Crítico Contemporâneo (Edições 70, 2014). Traduziu para português Theodor W. Adorno, Jacques Rancière e Georges Didi-Huberman.

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