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Sinopse

"Em 1996 o Teatro da Cornucópia construiu e apresentou um espectáculo a partir do longo poema de Ruy Belo "A Margem da Alegria”. Seis actores e uma voz off, num cenário de Cristina Reis, dividiam entre si os versos do poema, e, como um coro, habitavam em conjunto essa imensa expressão da paixão pela vida. Dissemos nessa altura que não se tratava bem de um espectáculo. Era antes uma “celebração”. E disse eu então: “A ideia deste espectáculo partiu da vontade de prestar um testemunho. O testemunho íntimo de uma geração às voltas com o seu envelhecimento. Orgulhosa ou envergonhada do que pensou. Reconhecendo-se ou não na sua pele. A minha geração é o reino da paixão. Do excesso. Quis a morte do bom-senso. Esta é a nossa poesia em 1974. Assim continuamos a sentir? Como se ama agora? Dizer este poema, representar este texto, obriga-nos a uma verdadeira celebração da emoção.”
Alguns anos depois é o registo dessas mesmas vozes, a cru, já sem palco, sem também o alaúde de Paulo Galvão que tocava cantigas de amigo de D. Dinis nem os vídeos de Ricardo Resende e Cristina Reis ou as fotografias de Duarte Belo, mas com a memória desse espectáculo, e com a mesma distribuição de texto, que fica neste disco.
Que ele seja agora testemunho deste imenso rio de versos. Seja essa imensa generosidade uma arma contra o nosso tempo amargo de egoísmo e mesquinhez.”

Luís Miguel Cintra na apresentação deste livro.

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Autor

Ruy Belo

Doutorado em Direito Canónico pela Universidade de S. Tomás de Aquino, em Roma, e licenciado em Filologia Românica e em Direito pela Universidade de Lisboa, lecionou no ensino secundário e foi leitor de Português na Universidade de Madrid. Foi diretor literário de uma editora; chefe de redação da revista Rumo; adjunto do Diretor do Serviço de Escolha de Livros do Ministério da Educação Nacional; bolseiro de investigação da Fundação Calouste Gulbenkian; tradutor de numerosos autores franceses e colaborador em várias publicações periódicas. Vítima de um edema pulmonar, a sua morte precoce, em 1978, colheu de surpresa uma série de escritores que lhe dedicam, no mesmo ano, uma Homenagem a Ruy Belo. Iniciada em 1961, mas mantendo-se, na confluência da poesia dos anos 50, equidistante quer de um dogmatismo neo-realista quer do excesso surrealista, mas incorporando aquisições dessas duas formas de comunicação estética, para António Ramos Rosa, «A poesia de Ruy Belo é uma incessante reflexão sobre o tempo e a morte e a incerta identidade do sujeito que em vão procura o lugar originário onde se encontraria o ser na sua totalidade [...]. A incerteza e uma profunda frustração, muitas vezes impregnada de uma trágica ironia, dominam esta procura do lugar ontológico e da degradação existencial». (Incisões Oblíquas, Lisboa, 1987, p. 66). Abarcando a crítica irónica da realidade social e a denúncia das diversas problemáticas que equacionam o homem, desde a sua vivência espiritual e religiosa até ao envolvimento concreto e existencial, a poesia de Ruy Belo é uma «forma de intervenção, de compromisso, de luta por um mundo melhor [...] sem [...] o poeta pactuar com a demagogia, com o oportunismo que afinal representa não ver primordialmente na arte criação de beleza, construção de objectos tanto quanto possível belos em si mesmos» («Nota do Autor» a País Possível, 1973).

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