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Sinopse

Há quem diga que a amizade é uma virtude e que os amigos partilham a mesma alma. Não sei se será exactamente assim. Mas sei que existem pessoas com as quais criamos uma relação de empatia tão especial, que as sentimos sempre muito próximas, mesmo que fisicamente distantes. O António é uma dessas pessoas.

Este nosso novo livro (ou porventura, dois livros num só livro) homenageia este tipo de relações tão peculiares e tem como base aquela que nos une. Para além de todas as nossas diferenças, muitas delas expressas nas perguntas/respostas que entendemos incluir.

Acreditamos na importância das coisas simples, aparentemente vulgares. Por isso, escolhemos uma metodologia que lembra o comumente conhecido “questionário de Proust”. Aceitámos igualmente responder de forma curta, mas tão rica e intensa quanto conseguíssemos. Todavia, procurámos ir mais além: intentámos construir dois registos de vida, vivida e desejada, em dois horizontes temporais, sobrepostos na dissemelhança e na parecença, coincidentes com os anos de vida de cada um, à data em que o António completa 75 anos. Por coincidência, da junção das nossas idades e até ao meu próximo aniversário, resultam números curiosos: 575 e 757. Com esse fundamento, eu coloco-lhe 75 questões e ele coloca-me 57.

Movidos, mais uma vez, pelo espanto e pelo fascínio de estarmos vivos, assim como pela paixão da partilha, decidimos “dar à estampa” este nosso exercício. Inacabado e incompleto. Tal como nós.

Ana Paula Figueira

Beja, Maio de 2023

575 + 757: não se trata de números de uma carreira de autocarros ou de voos comerciais. É apenas uma síntese de duas capicuas numéricas, ou seja, de números espelhados cujo reverso são eles próprios. Um cruzamento entre números ímpares, cuja soma é um número par. Da Ana Paula, partindo de 57 para o futuro que está além de 57. Eu, chegando a 75, na memória do que está aquém de 75.

Um par de ímpares que partiu da ideia da Ana Paula de juntarmos as 75 perguntas que ela me fez, correspondendo aos 75 anos que fiz, com as 57 perguntas que eu lhe fiz, tantas quantos os anos de vida que ela já fez.

Combinámos não combinar as perguntas.

Com duas excepções: a primeira e a última, que coincidem. Todas as outras foram um exercício livre de cada um, antes de receber as do outro.

Não combinámos combinar as respostas. Embora parte delas se tivessem entreaberto nas perguntas que fizemos um ao outro. Como se, mentalmente, o percurso pergunta-resposta fosse construído como resposta-pergunta. Uma espécie de palíndromos, aqui imaginados como se, no caminho, nos déssemos conta da “luz azul” lida e observada dos dois lados e como se aceitássemos a diversão de suavemente “rir, o breve verbo rir”, partindo do início para o fim ou do fim para o início.

Arrumámos as perguntas em dois grupos: as que, com o tempo, se tornaram sem tempo e as que, sem o tempo, ou são saudade ou são futuro.

Estes dois questionários contíguos, mas não simétricos, fogem ao clássico “questionário de Proust” e a outros mais fugazes que surgem amiúde em tempo de férias e de descanso. Em boa medida, procurámos que tivessem espaço para respirar e tempo para se deixarem envelhecer.

Um conjunto de perguntas e respostas entre assuntos mais introspectivos ou mais relacionais, entre o eu e o nós, entre nós e a transcendência, entre o sereno apaziguamento e o agitado telurismo da vida, entre o reflectir e o alcançar. De duas pessoas diferentes. Na idade, no ser mulher ou homem, na personalidade, nas gerações, no percurso, no caminho, na medida do tempo futuro. Mas também de duas pessoas iguais. No sentido de vida, no primado da família, na busca do bem, nos fundamentos éticos, no optimismo da esperança.

Nas perguntas e nas respostas está lá um retrato do que cada um de nós é. Sem maquilhagem ou artifícios. Com anseios e medos. Com alegria e tristeza. Com fulgor e prudência. Com certezas e paradoxos. Um exercício impressionista, direi mesmo pontilhista de cores complementares e justapostas, feito de palavras, de espaços entre elas e até de respostas sem resposta ou com resposta intuída.

Lembrámo-nos de publicar este exercício tal como nasceu. Uma construção genuína e verdadeira. Não se trata de uma memória para futuro, mas, para cada qual e com o seu trilho de vida, de um futuro ainda para memória.

António Bagão Félix

Lisboa, Maio de 2023

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Autor(es)

Ana Paula FIGUEIRA

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António Bagão Félix

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