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Sinopse

Alembro-me tão bem de uma casa, onde a mãe tinha o leme, onde ninguém andava à deriva, amarrado à quilha do barco, à rabiça do arado; o pai tinha a dianteira do carro, assumia o preço de salvar o madeiro do leito para a margem do rio, ia da cama para o corpo da terra; eu, muito crianço ainda, desconhecia o dia-a-dia da labuta, da lida, e, hoje, pousando nas águas o bote, moldando nelas o dorso, invejo-te, mãe, porque nelas te deitas, rebolas, e estás diante do tempo, espelho de parto vivo, árida Pátria de carreiros, esteiro de bico; havemos de falar dos dias, de cabedelos e bulhas, da trapica onde atracam teus barcos, de manjedoiras onde prendes os bois; falaremos da soga que arreia a canga e da corda que se ergue na barca e incita a quilha na tesoura das águas; falaremos de margens a estibordo, de pastagens, da terra cavada, arada a preceito, e de ervas ancoradas nas rochas; e, num lugar incerto, havemos de adregar sonhos sobre muros, árvores, ventos...

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Autor

António Canteiro

António Canteiro é pseudónimo de João Carlos Costa da Cruz. Nasceu em 11 de outubro de 1964 na freguesia de S. Caetano, concelho de Cantanhede. Licenciado em Serviço Social pelo Instituto Superior Miguel Torga, exerce atualmente a profissão de Técnico Superior de Reinserção Social junto dos reclusos do Estabelecimento Prisional Regional de Aveiro.

Colaborou com vários jornais e editou na revista Em Comunicação, do Instituto de Reinserção Social, um trabalho sobre etnia cigana.

Autor premiado, recebeu já menções honrosas em prémios literários nacionais, designadamente com o romance Parede de Adobo e a sua poesia. O romance Ao Redor dos Muros, publicado pela Gradiva, foi o grande vencedor do Prémio Alves Redol 2009 patrocinado pelo Município de Vila Franca de Xira.

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