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Uma Coisa não É Outra Coisa – Teatro e Literatura

José Maria Vieira Mendes

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Sinopse

As distâncias são fruto de uma proposta de relação que, como tentei demonstrar, alimenta frustrações e imobiliza identidades. O que proponho implica reconhecer o outro no encontro e identificar o óbvio: eu não sou tu. A diferença deixa de ser eterna e constante, passa a ser negociável, mutável e não dependente da semelhança. Acontece a cada momento, comportando simultaneamente o que é conhecido, as histórias e as certezas. Nisto participa no jogo da existência, no mundo em movimento.

Não há, à partida, qualquer contradição entre o teatro e a literatura, não existe qualquer oposição, dissociação ou diferença, nem qualquer relação necessária. O reconhecimento da separação e da intransponibilidade, o facto de eu não ser tu ou de uma pessoa não ser outra permite um pensamento mais livre sobre o teatro e a literatura porque não estaremos condicionados por um só tipo de relação, nem por um conhecimento exclusivo da disciplina; escaparemos, tanto quanto possível, a uma autoridade que precede e limita o objeto.

A inexistência de uma solução para o problema da relação entre o teatro e a literatura conforme ele é apresentado ao longo dos tempos por diferentes histórias do teatro, autores teatrais e dramáticos, bem como críticos ou académicos, deve-se à própria formulação do problema. Ao reformular o problema, deixamos de estar dependentes de uma descrição epistemológica de cariz dualista que segue em busca de uma solução para as dúvidas e colocamo-nos dentro de um quadro de aceitação ou de reconhecimento de uma ontologia própria e escandalosa, abrindo esta relação ao quotidiano. É por isso que não devemos negligenciar o papel da vontade nesta equação. As descrições antiliterárias, pós-dramáticas ou a defesa do teatro literário insistem, porque é a sua vontade, em tornar compreensíveis e iluminar o que observam.

Para complementar a afirmação de que uma coisa não é outra coisa é necessário então uma disponibilidade ou vontade própria do observador.

Depois de descrições várias de teatro e da sua relação com a literatura, concluirei com o modo como o reconhecimento da vontade e um outro conceito de conhecimento podem afetar as descrições de espetáculos e literatura dramática, o olhar do leitor e do espectador e a relação deste com a obra que lê ou vê. Isto porque, mais do que abrir possibilidades e significados para o teatro e literatura, me interessa reconhecer outros pares, de que espetáculo e espectador são exemplos, capturados por uma lógica antinómica que limita significados.

[José Maria Vieira Mendes]

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Autor

José Maria Vieira Mendes

José Maria Vieira Mendes escreve maioritariamente peças de teatro, mas também publicou ensaios e ficção. É membro do Teatro Praga e da sua direcção artística desde 2008. As suas peças foram traduzidas em mais de uma dezena de línguas. Faz traduções literárias e trabalha ocasionalmente com artistas plásticos e em cinema. Publicou, mais recentemente, Arroios, Diário de um diário (ficção, 2015, Dois Dias edições), Uma Coisa (teatro, 2016, Livros Cotovia), Para Que Serve? (infância, 2020, Planeta Tangerina) e Uma Coisa não É Outra Coisa (ensaio, 2022, Sistema Solar). É professor na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

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