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Sinopse

Quem diante destes versos não sentir elevar-se-lhe a espírito, como numa oração, àquela espécie de Deus que é compatível com o seu temperamento ou com o estado de educação do seu pensamento, é porque tem dentro do peito, no lugar do coração, um seixo polido e frio. Quem, no meio do lidar da vida, roçando os braços pelas arestas cortantes que a erriçam de ângulos, pousar o olhar da alma sobre um destes sonetos e não sentir o que os sequiosos sentem ao encontrarem um arroio de água límpida, é porque tem a alma feita apenas de egoísmo. Quem, emergindo dos montões de papelada que as imprensas vomitam diariamente, deitar os olhos sobre estas páginas e não sentir o deslumbramento que os diamantes produzem, é porque a sua vista se embaciou com o enxame dos livros grosseiros em todo o sentido e a sua língua perdeu o hábito de falar português.

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Autor

Antero de Quental

ANTERO DE QUENTAL (1842-1891), açoriano natural de Ponta Delgada, é uma das figuras marcantes de toda a cultura portuguesa e o símbolo máximo da nossa ainda hoje mais brilhante geração intelectual — a Geração de 70. Prosador brilhante, poeta genial, é ainda referência obrigatória no ensaísmo filosófico e literário, na política militante, no jornalismo ou na literatura panfletista. «Na prosa musical de Antero, polémica e crítica, de uma grande limpidez formal», nas palavras de Eduardo Lourenço, viu Manuel Bandeira o início da moderna prosa lusa. Todavia, muito do que escreveu está esquecido ou praticamente ignorado, com excepção de sonetos ou Causas da Decadência dos Povos Peninsulares. O que tem predominado é o interesse doentio pela sua morte e também pela vida, que a devoção dos amigos transformou em fantasiosa biografia. Mas o verdadeiro Antero está na obra em prosa e verso que nos deixou.

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