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Sofia Areal: 20 Anos para a Frente, 20 Anos para Trás

Sofia Areal

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34,21 € 38,00 €

Detalhes do Produto

Sinopse

Como a maior parte das exposições na Fundação Carmona e Costa, esta é uma exposição de câmara, i.e., onde o formato conta e o suporte é o papel, onde o desenho está presente, muito embora sem ser dominante, e, no caso de Sofia Areal, onde a exuberância de cor é dominante, indispensável quase sempre. Dizer câmara não é limitar, é ajudar a definir a regra do jogo que se joga neste conjunto de obras que, embora descendo no tempo até aos anos 90 do século XX, não se institui como história ou retrospectiva, mas como uma espécie de mapa poético, ou como um passeio através de formas e temas que constroem uma paisagem e essa paisagem é: a pintura e o desenho de Sofia Areal.

A formas dominantes estão todas lá e associam-se a temas que a artista elege em séries e nomeia com o seu peculiar gosto de inventar nomes e títulos que têm sempre «algo que se lhe diga», é a artista quem o afirma.

[…]

Depressa e bem…

… há pouco quem! É o povo que o diz num provérbio contra o qual Sofia se insurge, porque a velocidade e a urgência são o seu forte, muito embora em certos casos possa andar alguns anos em torno de um desenho-colagem sem saber o que lhe fazer, esperando o instante em que subitamente resolva o problema depressa, depressa sempre. Esta urgência é parte integrante do seu fazer, de um trabalho que é, sempre, um divertimento, um prazer ou uma fonte de alegria, rápida e amável no sentido em que está sempre buscando um afecto positivo.

Esta rapidez assemelha-se ao improviso e sobretudo ao desaprender. Sofia Areal frequentou escolas, porém a sua prática artística faz-se no abandono delas, na capacidade de emigrar para uma escrita antes da escrita, um desenho antes do desenho e uma pintura a fazer-se ali diante dos nossos olhos, sempre viva porque sempre incompleta, caminho sem fim, jogo, brincadeira, grito, riso, divertimento.

[José Luís Porfírio]

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Autor

Sofia Areal

Sofia Areal nasce em Lisboa, em junho de 1960. A sensibilidade para as artes plásticas e para a literatura é espoletada e ocupam os espaços e os tempos desde a infância, abrangendo a pintura, a escultura, o desenho, a poesia, a crítica e ensaio literários, sob efeito e por ação do seu pai, António Areal, pintor e homem de letras, da sua mãe, Lira Keil do Amaral, com formação em escultura e praticante do desenho, e ainda em contacto com a arquitetura e o modo de pensar a cidade, instigado pelo avô paterno, Joaquim Areal, e com as artes e a cultura em geral, fomentado pelos avós maternos, entre as quais a música lírica toma lugar especial pela mão da avó materna, Dalila dos Passos Freitas.

Cresce entre Lisboa, a Madeira, os Açores e Moçambique, rodeada por pessoas das artes e da cultura da segunda metade do século XX, que acentuam uma dimensão artística e intelectual aberta ao mundo, edificando um pensamento constelar sobre o mundo e a vida, vincadamente humano e afetivo, permanentemente desperto e permeável, reactivamente vivo e inquieto, que vem, mais tarde, a traduzir na sua obra, centrada no desenho e na pintura, em redor dos quais gravitam outros processos de expressão plástica, tais como a ilustração, o design gráfico, a cenografia ou a tapeçaria.

Inicia a formação artística no Herefordshire College of Art & Design, no Reino Unido, frequentando os cursos de Textile Design, entre 1978 e 1979, e o Foundation Course, entre 1979 e 1980. O interesse inicial pela técnica da tapeçaria é direcionado para a pintura e o desenho, em virtude do tempo associado ao processo de produção, onde encontra a velocidade, o instante, e neles satisfaz a liberdade do impulso, da surpresa e do acidente, e a exploração de uma relação uníssona com os suportes e os materiais. Em Portugal, frequenta os ateliers de pintura e gravura do Ar.Co, entre 1981 e 1983.

Os primeiros trabalhos são figurativos, predominando a paisagem e as naturezas-mortas. Evolutivamente, o objeto representado retira-se, e a figuração cede lugar à composição abstrata em sobreposições e justaposições de formas e de traços, entre vazios e plenitudes, entre positivos e negativos, que passam a dominar o seu trabalho enquanto modalidade de análise das manchas, do contorno e da cor das propriedades apreendidas visualmente, guardadas emocionalmente, em objetos encontrados, em pessoas da intimidade, nas coisas triviais da vida, que pontuam intimamente o seu percurso biográfico. Neles vive o contraste, entre a separação e o aconchego, entre a casa e a viagem, entre o murchar e o florescer, entre o débil e o bravo, entre mar e terra. Dia e noite, vida e morte, céu e abismo. Em dimensões que variam entre o grande e o pequeno formato, com forma retangular, quadrada ou redonda, aplica, sobre tela e sobre papel, indiscriminadamente desorganizando os códigos próprios do desenho e da pintura, grafites, pastéis secos, tinta da china, aguarela, tinta acrílica, e elementos resultantes do recorte e da colagem. Na sua composição, busca um ideal solar, uma estética do belo, do agradável, do prazer, da harmonia, que procura nas relações de equilíbrios, entre fundo e composição, entre risco e mancha, entre texturas e lisuras, entre opacidades e transparências, entre as cores sólidas de uma palette em que predominam os vermelhos, os amarelos, os azuis, os negros e os brancos sem renunciar a presenças de desdobramentos em cores secundárias, e encontra nos contrastes formais que emergem do instinto do gesto declaradamente musculado, que inscrevem os pessoais.

Coleções (seleção): Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Fundação de Serralves, Porto; Caixa Nova da Galiza, Vigo; FEVAL, Cáceres; Museu de Arte Contemporânea do Funchal, Funchal, Fundação Carmona e Costa, Lisboa; Casa da Cerca — Centro de Arte Contemporânea, Almada; Fundação Millennium BCP, Lisboa; Coleção Novo Banco, Lisboa; Fundação PLMJ, Lisboa; Coleção Cachola, Elvas; Coleção Leal Rios, Lisboa.

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