O espectro de Dom Pedro I surge numa noite chuvosa de 1871, no gabinete de estudos do Palácio Imperial, em Petrópolis, Brasil. Depois do assombro inicial do filho com o qual pouco conviveu, o antigo imperador não demora a dizer que aquela é só mais uma confusão. No Brasil, tudo está confuso, sempre estará.

PEDRO E O IMPERADOR é um título propositadamente ambíguo para esta obra fantasmagoricamente assertiva sobre o reinado de Dom Pedro II, imperador do Brasil entre 1840 e 1889. O seu pai, agora etereamente influente, confessa que não sabe o que faz ali, naquele tempo que não é mais o seu. Com traços envolventes e argumento que adiciona camadas surreais e humorísticas à história oficial, “Pedro e o Imperador” reproduz um período de duas décadas, entre 1871 e 1891, ano da morte de Dom Pedro II. Pai e filho, agora quase como confidentes, além-vida e além-mar, tratam das metamorfoses pelas quais o império passa, antevendo já um futuro republicano. Uma narrativa que rediscute os caminhos de um império alquebrado que se transformou numa nação quase que por abdicação histórica, em confronto com um liberalismo nascente. A herança é a solidão de um país inteiro.