Havia futuro enterrado sob a calçada
À espera de ser exumado e iluminado
Por luz filtrada entre copas de árvores
Unidas e abraçadas mesmo antes de existirem
Futuro adivinhado pelo expectante presente
Que por entre as travessas das janelas sorria
Futuro concretizado longe das pedras que abriu
Longe da janela que o pressentiu
Eternizado na luz refletida pela calçada
Que o trouxe para o presente
E para onde regressaria um dia
Ao lugar onde pertencia.

Sara Pereira

De simplicidade aparente, na candura das palavras, estes poemas levam-nos como asas que não sentimos no corpo mas que fazem o voo e uma beleza esplêndida.
Onde pode encontrar-se um espírito tão delicado de que estas palavras brotam como carícias da alma, da pele, do sentir todo?
Sara Pereira transporta-nos a lugares de sentir único. E sentimos cada verso como um afago suave na nossa sensibilidade.
Uma poesia assim, repete-se demorada na leitura. E em cada leitura o deleite cresce, como um consolo de canção materna que nos acalenta.
Um livro - do mesmo lado da rua - para termos na mão em qualquer momento. Ler e deliciar...