Este livro parte da busca insatisfeita com as certezas disciplinares, preferindo a estas o desassossego de inquirir «nas fronteiras da sociologia». Primeiro, procurando ilustrar essa dinâmica com a aproximação das duas disciplinas, através de dois autores - Smith, da Economia, e Tarde, da Sociologia – desafiando no sentido de leituras antireducionistas, numa conjuntura cultural onde a dimensão ética/política reclama todo o seu reconhecimento contra a difusa insinuação da soberania do mercado. Introduz-se depois um ensaio interdisciplinar sobre a ciência política.
Dispõe-se então a ética na geografia tradicional das disciplinas no campo do «normativo», do «dever-ser» e do «ideal» e, por isso, do lado de lá das «fronteiras da Sociologia» das demais disciplinas expeditamente identificadas com o «saber positivo», à imagem do conhecimento das ciências naturais. O processo histórico da «secularização» nos momentos teóricos da fundação da sociologia como disciplina científica é analisado na sua «cultura teocêntrica» e nas suas «formas políticas teocráticas». A «secularização» como parte da «modernidade» torna-se não apenas dimensão do objecto sociológico mas também processo social, político e cultural que se exprime na sociologia. Finalmente, estudos sobre idosos, situam-se «nas fronteiras da sociologia» de um modo ligeiramente diferente. Não tanto porque tenham abdicado de recorrer à sociologia e a outras disciplinas sociais (demografia, economia e teoria política, entre outras) para analisar um dos fenómenos sociais mais decisivos para a evolução das sociedades desenvolvidas do planeta, mas sobretudo porque tentaram passar para além da «análise» descritiva e explicativa e imaginar algumas linhas de intervenção inspiradas nos conceitos de «qualidade de vida» e de «sociedade inclusiva».