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Guarino Guarini - Geometrias arquitectónicas

Domingos Tavares

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Sinopse

A obra teórica e prática de Guarino Guarini ganha particular relevância na história da arquitectura ocidental por ter colocado várias questões relacionadas com a ideia de que os esquemas das linguagens clássicas não são imutáveis e podem ser corrigidos em função das necessidades do tempo moderno, incluindo a exploração de variantes dinâmicas para as diferentes formas dos templos. Como padre e arquitecto interno de uma organização religiosa, foi na concepção das igrejas que mais concentrou atenções, mas não deixou de colocar em evidência um método de pensar o projecto independente do programa funcional que se torne necessário resolver. A originalidade e brilhantismo das obras efectivamente realizadas granjeou-lhe o reconhecimento dos contemporâneos e foi até capaz de ultrapassar a hostilidade e desinteresse das gerações seguintes veiculadoras do ideal neoclássico, sendo reconduzido ao centro do debate arquitectónico pelos mais prestigiados historiadores do século XX.
Representa o prolongamento da experiência de Borromini, mas apoiada por uma formação em filosofia mais estruturada, própria de um homem que defendia a escolástica de base aristotélica. O livro de Guarino Guarini, Architettura Civile, passou então a figurar no rol da tratadística específica da disciplina no grupo dos primeiros textos científicos da época moderna.
Suportado pelo domínio das matemáticas e pela reflexão filosófica, filiou-se no campo da geometria projectiva dando corpo ao teorema de que as linhas paralelas se encontram no infinito e assim resolveu a ambição herdada dos construtores medievais em tempo gótico no sentido de elevar até Deus a ideia da verticalidade do espaço religioso. Por outro lado, ao submeter a ordem espacial à ideia de representação do não finito, concentrou as mais vistosas experiências arquitectónicas na determinação das condições de eficácia das plantas centralizadas, as que melhor expressavam o jogo ascensional das formas em complexos fortemente luminosos. Trabalhou com o desenho dos arcos parabólicos sob a luz intensa extraída das coberturas para criar um quadro espacial flutuante, capaz de provocar o enigmático sentimento de estupefacção e maravilha como um outro caminho para abrir a curiosidade e inteligência do espectador.
A capacidade de conjugar os princípios geométricos estruturadores da forma com a interpretação do comportamento dos potenciais utilizadores da sua arquitectura, constituiu outra lição inovadora, a que se juntou a hábil utilização dos complementos decorativos, convencionais ou inventados, com recurso a materiais brilhantes ou à cor intensa integrada na manipulação arquitectónica do claro-escuro, para conquistar a admiração das pessoas simples. Curiosamente, só as igrejas de planta central realizadas em Turim na parte final da sua vida sobreviveram relativamente intactas até aos nossos dias. Mas os desenhos amplamente divulgados na passagem para o século XVIII e a doutrina expressa no seu tratado de arquitectura, acabaram por ter influência decisiva no desenvolvimento da linguagem barroca na Europa central.

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Autor

Domingos Tavares

Domingos Tavares (Ovar, 1939) é arquiteto e Professor Emérito da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, onde ensinou desde 1985 a disciplina que deu origem às Sebentas de História da Arquitectura Moderna publicadas pela Dafne Editora desde 2003. Autor dos livros Da Rua Formosa à Firmeza (Faup, 1985) e Francisco Farinhas Realismo Moderno (Dafne, 2007)


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