Sempre pensei que, após a queda do regime do apartheid, tudo tinha ficado regularizado, numa normal vivência racial em ambos os países. Mas não foi isso que eu constatei nessa manhã em Swakopmund. O que eu vi foi os brancos dum lado da rua e os negros do outro, como se uma linha invisível separasse as duas comunidades. Olhavam-se com uma mal disfarçada indiferença e senti alguma tensão no ar, como se por baixo da indiferença houvesse, afinal, hostilidade. Como já não havia o apartheid, achei esse facto bastante estranho e falei com o nosso guia. Djibril, era este o seu nome, tinha orgulho na sua ascendência, o seu pai havia sido um combatente da SWAPO. Ele disse-me que efectivamente já não havia o apartheid "de jure", mas que havia um apartheid psicológico, as feridas nunca tinham cicatrizado. E apressou-se a dizer que, apesar de tudo, a situação na Namíbia não era tão complexa como na África do Sul.