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Sinopse

Com o conjunto de 42 textos que compõe este “Então assim falo”, a já vasta obra de José Emílio-Nelson sofre uma importante inflexão. Os temas recorrentes da poesia de Emílio-Nelson, também presentes neste livro, são aqueles que ligam no homem aquilo que o constitui, em simultâneo, enquanto ser racional e irracional, e que, portanto, ligam o seu saber àquilo que o transcende – o erotismo, a morte, o amor, a beleza. Sem deixar de fazer uso de algum experimentalismo no discurso, essencial para falar daquilo que não se sabe, o autor apresenta aqui, no entanto, uma poesia com um incrementado pendor metapoético. Mantendo, deste modo, a coerência de uma poética que não existe sem renovação – sem que a linguagem seja rasurada e reescrita num só movimento –, o processo de criação, as premissas, as motivações, as perplexidades e as consequências da escrita são metaforizadas com recurso aos aspectos tenebrosos e indecifráveis da vida. Estabelecem-se paralelos entre a escrita e as artes plásticas, onde a nudez e vulnerabilidade da mão desconhece o conteúdo da dádiva da criação (sempre imprevisível, súbita); repudiam-se as convenções do belo com recurso aos devires-animais e os devires-vegetais do sujeito poético – em especial o devir-escaravelho, na medida em que se trata de um animal que se movimenta entre a luz e a escuridão, o ar e a terra, a vida e a morte, o salubre e o escatológico; permeia-se a linguagem com as exacerbadas crueldade e compaixão vividas nos cenários de guerra; atribui-se ao acto da escrita a carga erótica que a isenta de toda a teleologia e que transgride a lei, os costumes e tradições, e que muitas vezes transgride ao abrigo destas próprias convenções, encontrando, nesta paradoxalidade, manhas e artimanhas para dizer o proibido e expandir os limites da linguagem. Sem abdicar de uma escrita atritada, indutora de estranhamento e inquietação no leitor, José Emílio-Nelson patenteia, com este conjunto de textos, uma maior densidade auto-reflexiva sobre seu ofício, despegando-se do rótulo de ilegível com que já foi apodado. Antes evidencia que a sua consciência poética, a iluminar, não pode senão trazer consigo uma viva memória da obscuridade e do mistério da existência.


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Autor

José Emílio-Nelson

José Emílio-Nelson, poeta, crítico e editor, nasceu em Espinho, em 17 de Maio de 1948.

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