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Detalhes do Produto
- Editora: Cornuda Radiante
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- Ano: 2025
- ISBN: 9786120019368
- Número de páginas: 128
- Capa: Brochada
Sinopse
Tradução: Júlio do Carmo Gomes
Design: Ana Farias
Se de Karl Kraus se disse que “não se interessava por nada que pudesse apaziguar a sua cólera”, o pensamento de Semprun nunca se interessou por nada que pudesse apaziguar a sua crítica à falsa consciência e à alienação moderna.
Em Diálogos sobre a Culminação dos Tempos Modernos, inspirado nos recursos dramatúrgicos de Brecht e em particular na obra “Diálogos de Refugiados” do autor alemão, Jaime Semprun afia o bisturi da dialéctica para dissecar a contra-golpe e sem indulgência a burla social, política, literária e histórica do século XX.
Na trama das conversas entre os protagonistas, que vão bebendo cervejas (ou as suas infectas versões actuais...) e desafiando trago a trago os lugares-comuns do pensamento político e das mentalidades da história contemporânea, o próprio dramaturgo d’ A Ópera dos três vinténs não escapa ileso – a par de tantos outros, de Proust a Freud, dos leninistas aos reformistas, dos teóricos de Frankfurt à esquerda identitária…
Para os que cultivam a ironia azeda das correntes situacionistas como uma hóstia, sejamos desmancha-prazeres: Semprun revela um humor verdadeiramente cómico diante o colapso dos Tempos Modernos. Se face à mentira humana entramos nestes Diálogos para matar ou morrer, quem vive e escreve como Semprun não perde jamais nem siso nem riso.
“Quando você fala de “reaccionários” e “progressistas” emprega termos muito gastos, a ponto de já não ser claro o que significam. Os presumíveis reaccionários reagem muito pouco, porque já não sabem o que pode ser salvo, e os presumíveis progressistas quase não avançam, porque não querem ir a lado nenhum. Todos vão a reboque disso que chamam de progresso, a tal ponto que há quem diga que os reaccionários consequentes, se os houvesse, não poderiam ser outra coisa que autênticos revolucionários.