Nos 95 anos de vida, Joseph Ratzinger viu desfilar os mais variados acontecimentos da História. A sua participação corajosa e luminosa no Concílio do Vaticano II dirigiu para si as atenções de muitos dentro da Igreja, sendo nomeado arcebispo e cardeal pouco mais de uma década depois da conclusão do concílio. João Paulo II chamou-o a Roma, onde desempenhou um papel fundamental, não só de vigilância doutrinal, mas sobretudo de abertura e diálogo dentro e fora da Igreja. Quando pretendia afastar-se da vida pública, viu-se eleito Papa, missão que desempenhou durante oito anos. Também aqui foi inovador, renunciando ao exercício do ministério petrino, passando os últimos anos de vida num mosteiro, em silêncio e oração. A sua morte, no dia 31 de dezembro de 2022, veio recordar a atualidade e o brilhantismo do seu pensamento. A vida na qual este pensamento se desenvolveu encontra-se profundamente ilustrada na presente obra.

«Como Papa de uma época de transição, Bento XVI é tanto o final do antigo quanto o começo de algo novo, um construtor de pontes entre mundos. Ele mostrou que a religião e a razão não são antagónicas. Que justamente a razão é a responsável por evitar que a religião resvale para loucas fantasias e fanatismos. Ele cativava com o seu jeito nobre, o seu elevado espírito, a honestidade da análise e a profundidade e beleza das suas palavras. Junto dele, todos sabiam que o que ele anunciava podia ser incómodo, mas correspondia fielmente ao ensinamento do Evangelho, à continuidade com os Padres da Igreja e às reformas do Concílio do Vaticano II; e isso vinculado ao conselho de cultivar um olhar em profundidade à essência das coisas, ao fundamental da vida e da fé, em vez de se distrair com superficialidades.»