O design praticado em Portugal no século XX, sobretudo o que diz respeito ao levado a cabo por mulheres, continua em grande parte por estudar. Este livro procura compensar o facto de até à data corrente terem sido poucas as designers portuguesas que viram o seu trabalho estudado de forma sistematizada ou a sua obra divulgada e exibida nos grandes centros e núcleos expositivos, quando, na realidade, existem designers no feminino com trabalho de grande qualidade, digno de nota e relevante em termos didáticos e científicos, como é o caso de: Ana Filipa Tainha (1948), Assunção Vitorino (1947), Cristina Reis (1945), Isabel Pyrrait (1948) e Salette Brandão (1952), cujo trabalho se analisa neste livro. Todas estas mulheres foram e continuam a ser profissionais de “mão cheia”, que souberam impor-se num meio maioritariamente masculino: Ana Filipa Tainha, com um leque de projetos variados, mais direcionados para a cultura, e com uma linha de trabalho versátil; Assunção Vitorino, em particular, no campo do design de sinalética, com um leque imenso de trabalhos na “cartola”, destinados a espaços mais institucionais ou culturais; Cristina Reis, com o seu talento multifacetado, com o qual soube moldar positivamente a imagem do Teatro da Cornucópia, através do cruzamento das suas duas grandes áreas de saber, a cenografia e o design gráfico; Isabel Pyrrait, com um trabalho eclético, onde se mesclam diferentes culturas, a portuguesa, a inglesa e a chinesa, redundando os projetos em imagens dignas de ditar tendências; Salette Brandão, com uma vasta carreira, onde o design de equipamento e o gráfico andam “de mãos dadas”, e que teve oportunidade de partilhar com os designers mais jovens o seu know how, nas Faculdade de Belas Artes e na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, concorrendo, todas elas, para o melhor que se tem feito em Portugal.