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Sinopse

Os crimes do «amor louco» consumados com desumana determinação. «Há momentos em que já não sou eu… em que me transformo num animal enraivecido. Nada me pára… São horas em que só o sangue fala.»

Mas se o Oeste desta história, escrita por um francês e publicada em 1909 (numa altura em que o cinema pouco se atrevia a significativas longas metragens) não tem vaqueiros, nem cavalgadas, nem grandes manadas de gado; se não tem índios implacáveis para aqueles que tomam e desfiguram a sua terra; vai no entanto mostrar-nos, entre os símbolos que o cinema impôs, e assim mesmo de forma muito lateral, a paciência dos apanhadores de ouro num rio pouco generoso; e vai pôr em pleno centro o saloon e a sensação de impunidade do homem que se sabe distante da Justiça e não atingido pela sua Lei. […]

O saloon desta história é gerido por uma mulher velha e gorda que cobra a três dólares as suas noites de amor com todos os que a solicitam, sem excluir delas o seu empregado adolescente; tem à volta jogadores, bebedores e uma ninfomaníaca esquelética com o rosto sulcado por cicatrizes e uma fealdade exemplar, incomodada por um ardor sensual que o seu marido não acalma; e que não hesita em aplacar a fúria do sexo com a inocente disponibilidade de um belo e muito jovem pobre de espírito. Tem sobretudo Vincent van Horst; o que arrasta ao centro da história os seus crimes de «amor louco» consumados com desumana determinação. «Há momentos em que já não sou eu», diz a mostrar-se sincero, «em que me transformo num animal enraivecido. Nada me pára. O obstáculo não me incomoda. São horas em que só o sangue fala.»

Tudo isto vai conseguir que O Bar dos Dois Caminhos fuja, nesta terra de impunidades, à consagrada fórmula do «crime com castigo da lei»; haverá como seu sucedâneo outro crime, crime-resposta, crime-vingança, crime «barroco» (poderia chamar-lhe assim Herberto Helder), insensível às previsíveis formas da execução mortal; um castigo que pedirá a um tresloucado impulso imaginativas crueldades e surgirá tocado por um desvario paroxístico, com laivos pagãos acompanhados por cânticos de religiosidade cristã; um castigo com lugar merecido entre as negras criações da literatura. [Aníbal Fernandes]

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Autor

Gilbert de Voisins

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