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A Noite e a Fuga – Contos Românticos

Joseia Matos Mira

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Sinopse

O homem saltou lesto do comboio, que logo arranca fumegante como monstro que na sua lentidão procura escapar a um inimigo mais poderoso. O homem relanceou o olhar e viu a minúscula estação e os campos desertos de plantas e árvores; uma leve neblina parecia desprender-se do solo ameaçando adensar-se e já envolvia tudo de inesperada brancura; avançava a custo o homem, porque o Sol não raiava e o nevoeiro era cada vez mais profundo. Cego, tacteando com os pés à procura de terra firme. Um vulto aproximou-se e sofrendo da mesma cegueira vem ao encontro dele. Assim pertinho, era uma mulher, toda de negro vestida. Estava ali, corpo contra corpo quase, bem lhe via os olhos esbraseando como lumes, a idade não conseguia nem discerni-la. «Estranho», disse, «você parece não ter substância», disse-o ela ou ele talvez, ou seria só um pensamento que pairando o homem captou. E a voz dela fez ouvir-se na compacta brancura: «Onde fica a Aldeia das Pedras?» O homem arregalou o olhar. E mirando o vulto que de mulher flutuante parecia, pálida como a Lua, inquiriu numa voz que vibrava naquela atmosfera irreal, quase fantástica: «Onde fica a Aldeia das Pedras?» «Se você também procura siga-me, sou exímia a descobrir caminhos e sempre encontro o que procuro.» «Sendo assim, sigo-a.» E a convicção confirmava-se na voz dele. O vulto flutuante avançou-se-lhe, ele seguiu-o arrastando com os pés calçados de fortes botas as pedras que lhe obstruíam o caminho. Como num sonho, a mulher continuava um pouco à frente, leve, sem substância, o vestido longo e negro mal tocando o solo. Depois de uns minutos de silêncio ela virou-se e perguntou. O homem sentiu um arrepio, ao deparar com aquele rosto espectral.

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Autor

Joseia Matos Mira

Joseia Matos Mira nasceu em Baleizão. Frequenta o liceu de Beja onde conclui os estudos secundários, ingressando em seguida na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se licencia em Filologia Românica.

Inicia a sua vida profissional como professora do ensino secundário, carreira que interrompe passados dois anos, em 1973, partindo para Nova Iorque. Passado um ano desloca-se para Montréal (Canadá), onde retoma a carreira docente, como professora de francês em escolas secundárias, obtendo o diploma de professora titular do ensino secundário do Ministério da Educação do Québeque. Simultaneamente matricula-se na Universidade McGill, onde conclui o mestrado e prepara o doutoramento, fazendo os exames preliminares para apresentação de uma tese sobre J. M. G. Le Clézio.

É convidada a leccionar na Universidade de McGill, tendo sido o primeiro professor lusófono «Chargé de cours» no Departamento de Francês daquela prestigiada universidade canadiana.

Discípula do reputado semiótico belga Marc Angenot, que orienta a sua tese de doutoramento. O hábito de escrever veio da adolescência. Aos 16 anos, Joseia vê o seu primeiro texto publicado no jornal Notícias de Beja. Aos 17 anos colabora no jornal Notícias de Serpa, para onde escreve contos e crónicas. Já em Lisboa, com 18 anos, começa a colaborar no jornal República, para onde escreve sobretudo poemas.

Em Montréal frequenta um seminário de criação literária, orientado pelo poeta quebequense Guy Laffont, obtendo a qualificação mais elevada, o que levou o poeta canadiano a aconselhá-la a dedicar-se à escrita.

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