"Um ciclo longo e alegre, vivaz e generoso, tinha terminado! Afinal o que era a vida, senão isso mesmo? Um seguir-se de mudanças que acontecem a curto, ou longo prazo, um arrastar para clivagens, mais ou menos profundas, mais ou menos definitivas, viragens sucessivas nas rotas iniciadas; mutações senti- mentais mais ou menos pertinentes; alterações de necessidades prementes... O que é a vida senão uma metamorfose contínua, física e mental, emotiva e sentimental? Leonor procurava agora a esfera do silêncio dos espaços, da sua vida interior, dos seus sentidos espirituais."
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"Porquê? Qual o sentido de tanta luta, tanta dor, tantas peripécias sofridas neste planeta terra? Qual o sentido? Não era, obviamente, a primeira vez que tal pergunta assolava o seu cérebro, mas era a primeira vez que sentia na pele a inutilidade da vida humana! Inutilidade paradoxal! E, no entanto, era uma mulher de fé! Como era possível conciliar ambas as posições perante a vida? Afinal, acreditava ou não, que a Alma do seu irmão tinha partido para uma outra dimensão? Ou tudo terminara ali? Naquelas cinzas? Era uma novidade esta sensação profunda que trespassava a sua pele e penetrava na sua mente... Era algo que emanava de fora para dentro! E dominava-a."
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Julieta Teixeira Marques de Oliveira
Nasceu em Lisboa. Licenciou-se em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e em História Moderna pela Faculdade de Letras e Filosofia da Universidade de Génova. Depois de leccionar alguns anos em Lisboa, parte para a Itália. Leitora de Língua e Cultura portuguesa na Universidade de Veneza, Pádua e Pavia.
Assinou um contrato de investigação com a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Resultou uma exaustiva pesquisa subordinada ao tema Fontes Documentais de Veneza referentes a Portugal, publicada pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda, em Lisboa, 1997.
Em 1995 defendeu com distinção e louvor, na Universidade em Lisboa, a sua tese de doutoramento sobre Veneza e Portugal no século XVI: subsídios para a sua história. Tal obra foi publicada pela Imprensa Nacional – Casa da Moeda, em Lisboa no ano 2000. Autora de vários artigos, recensões e textos. Destacamos, para além dos já citados: La crisi del 1580 e la perdita dell’indipendenza del Portogallo nei menoscritti della Marciana (Pádua, Universidade de Pádua, 1986); O falso D. Sebastião perante o Senado de Veneza (Annali di Cáfoscari, Veneza, 1988); Padre Antonio Vieira e la storia delle idee culturali e letterarie (Pádua, Universidade de Pádua, 1989); P. José Anchieta, projecção cultural da sua obra; O lúdico e o pragmático no discurso de P. António Vieira (Veneza, 1997), "Os Teixeira Lopes - Memórias de uma Família" (Lisboa, Edições Colibri, 2004), "Ritmos da Alma" (Lisboa, Edições Colibri, 2017), "Ausências Presenças" (Lisboa, Edições Colibri, 2018) e "Caminhos Paralelos | Cruzados" (Lisboa, Edições Colibri, 2021).
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