É nos meandros da viagem, adicionando ao seu itinerário geográfico a travessia de territórios mentais, sócio-históricos e culturais, bem como os idealizados da utopia, conduzindo de uma ilha a outra o imaginário e a escrita, em busca de diferentes vias de existência num paradigma social renovado, que Ana Isabel Moniz irá procurar os eixos de acesso aos lugares da invenção na obra ficcional de Helena Marques.

Percorrê-la lançará aqui a leitora num processo de descoberta, interrogativo e exploratório, das dinâmicas subjacentes às formas de desdobrar a viagem em que aturadamente se investem as narrativas. Viagem entendida nesta acepção, enquanto experiência do mundo e prática literária que, já de acordo com as tendências contemporâneas, não se aplica, a descrevê-la, mas a compreendê-la e, assim, a questionar-lhe as directrizes de sentido, envolvendo o confronto do idêntico com o diverso: de seres, de espaços e de tempos, solicitados pela arquitectura da obra, que conjuga o referencial e o ficcional, a geografia e a história e desta as suas vertentes colectiva e individual ou, porventura, até pessoal.

Do prefácio de Lourdes Câncio Martins