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Sinopse

As autoras lançam-se à descoberta do mais misterioso dos mistérios, o de saber como é que uma menina se diverte.

A menina desta história está possuída de uma incontível vontade de escrever e de rir o que esbarra com a vontade da madrinha de fazer dela uma criança normal, sossegada e, se possível, mesmo sisuda.

A madrinha contraria a vontade de Maria escrever, no jeito impetuoso em que ela o faz. Castiga-a muitas vezes de modo cruel, mas não consegue levá-la a desistir do desejo de escrever, mesmo quando lhe corta a mão e a menina tem de imaginar a vida que esta leva separada do seu corpo. Mas este nunca esqueceu a mão que teve, por isso ela acabará por regressar.

«Se há coisa que nunca ninguém descobriu, e não se pode descobrir, é o que é uma menina. Como ninguém o sabe, ninguém sabe dizer com certeza quantas vezes uma menina pode nascer, quantas pode morrer, o que a mata ou o que a traz de novo à vida. Qual a diferença entre uma menina e um sonho? Ambos são esquecidos. Entre uma menina e um pesadelo? Ambos são lembrados. Entre uma menina e um machado? Ambos racham. Entre uma menina e um cão? Ambos ladram. Entre uma menina e um chapéu? Ambos servem a uns e não a outros. Entre uma menina e um cavalo? Ambos dançam. Se há mistério no mundo, é o de saber como as meninas se divertem. Descobri-lo obrigaria a saber dizer com certeza aquilo que um ser que ninguém conhece gosta de fazer para passar o tempo. Uma coisa é certa. Aquilo a que se chama “o mundo” é uma conspiração contra a alegria das meninas, contra as meninas se divertirem e se sujarem, contra o seu gozo e as delícias e silêncios desse gozo.»

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Autor(es)

Djaimilia Pereira de Almeida

Djaimilia Pereira de Almeida escreveu, entre outros, Luanda, Lisboa, Paraíso e Três Histórias de Esquecimento. A sua obra encontra-se traduzida em dez línguas e recebeu inúmeros prémios, em Portugal e no Brasil, incluindo o Prémio Oceanos. Escreveu no New York Times, Granta, Words Without Borders, La Repubblica, Folha de S. Paulo, Neue Zürcher Zeitung, Serrote e ZUM, entre muitas outras publicações. Na Primavera de 2022, foi a escritora residente da Literaturhaus Zürich. Em 2023, foi distinguida com o Prémio FLUL Alumni, atribuído pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou. Djaimilia vem colaborando com artistas visuais, compositores, actores e encenadores. Escreve na revista Quatro Cinco Um. É professora da New York University.

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Isabel Baraona

Isabel Baraona (Cascais, 1974) é licenciada em Pintura pela La Cambre (Bélgica) e doutorada em Artes Visuais e Intermedia pela Universidade Politécnica de Valência. Em 2013, foi bolseira da Universidade Rennes 2 (França), no âmbito de um pós-doutoramento. É professora na ESAD.CR e investigadora integrada no LIDA. Tem participado em diversas exposições individuais e colectivas, em Portugal e no estrangeiro. O seu trabalho está representado em colecções nacionais como Fundação D. Luís I/C. M. Cascais, MGFR (Fernando Figueiredo Ribeiro), Eduardo Rosa, Safira e Luís Serpa, Fundação EDP, Centro Português de Serigrafia; e em colecções internacionais como Yolande De Bontridder e Galila Barzilaï-Hollander, entre outras.

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