Adelino Ascenso escolheu trabalhar as interfaces entre teologia e literatura como linha de investigação na Universidade Gregoriana.
As duas edições internacionais, em inglês (2009) e em japonês (2013), que a sua tese conheceu, atestam a justíssima curiosidade que despertou.
Faltava ainda que o público português conhecesse o inovador pensamento teológico de Adelino Ascenso. Não deixa de ser interessante que a hora tenha chegado, mesmo se indiretamente, pelas mãos do escritor Shusaku Endo e do cineasta Martin Scorsese. Em boa hora, dizemos-nos.
À consistência de um pensamento teológico original, Adelino Ascenso junta um conhecimento ímpar do Japão e uma prática concreta de diálogo inter-religioso.
A fé é, tarde ou cedo, experimentada como aporia: "Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes?". Será possível acreditar sem beber desse cálice? O que, talvez, se descubra (e essa é claramente a proposta de Shusaku Endo relido por Adelino Ascenso) é que o silêncio de Deus não deixa de ser Deus.

José Tolentino Mendonça in «Prefácio»