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Veneza é, mais do que o nosso olhar abrange, um alfobre de histórias, um repositório de emoções. Os enredos que constam deste livro Sete Pássaros Sobre a Laguna nasceram da circunstância em que, presentemente, os povos vivem, submetidos ao isolamento, impedidos, por uma pandemia ameaçadora, da sua natural mobilidade pelos caminhos do Mundo. Veneza é um dos caminhos possíveis e privilegiados para os protagonistas destas sete narrativas, personagens oriundas duma ilha atlântica, que vivem intensamente a sua breve passagem por esta cidade mítica, atraídas pela grandeza do seu espólio artístico e pelo misterioso labirinto da sua teia urbana.

A diversidade de interesses conduz cada protagonista a integrar-se nos vários locais da cidade, permitido o conhecimento da sua topografia. A parte ficcional e emotiva que as envolve é reflexo do imaginário colhido nesses cenários irresistíveis.

Os sete pássaros pairam sobre as águas da Laguna, o espaço etéreo onde vivem as utopias que dão forma aos seus desejos. Uma maneira de assegurar e reactivar o seu processo de sobrevivência.

Veneza é também uma sobrevivente, tendo em conta o volume da sua História de séculos, a contingência da sua geografia e a emergência da peste em tempos remotos.

Apesar da metáfora, as personagens deste livro são homens e mulheres reais que afirmam claramente os seus sentimentos em sete histórias breves e credíveis.