Na análise abrangente da discursividade, os estudos da narrativa ocupam naturalmente um espaço privilegiado. Os conceitos de discursividade e narratividade tendem mesmo a convergir, o que impõe, desde logo, a necessidade de um questionamento renovado sobre a especificidade do discurso propriamente narrativo face a outros discursos. O conceito de narrativa deverá limitar-se ao domínio estrito das poéticas e metodologias narratológicas, tal como elas se manifestam nos mais variados suportes da performatividade e da expressão artística, desde a literatura ao cinema?
Ou, pelo contrário, a narratividade deverá assumir-se como um processo fundacional da experiência (no âmbito fenomenológico) e da cultura (nos âmbitos político e epistemológico)? Através de um reenquadramento pós-metafísico da fenomenologia, o autor propõe uma abordagem transcomunicacional do discurso, assumindo-o como processo geral da formatividade.
A partir daqui, desenha-se a hipótese de uma dualidade vocacional do discurso: informativo ou performativo.
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Filipe Martins
Realizador, professor de cinema e investigador em ciências da comunicação e estética. Doutor na especialidade de Semiótica Social pela Univ. do Minho (2014), foi bolseiro pela FCT.
Licenciado em Arte e Comunicação (ESAP, 2002) e mestre em Cultura Contemporânea (Univ. Nova de Lisboa, 2005). É investigador integrado no Instituto de Filosofia da Univ. do Porto, no grupo de Estética, Política e Conhecimento. Publicou diversos artigos científicos e participa regularmente em conferências e congressos académicos em Ciências da Comunicação e Filosofia, com intervenções nas áreas da Semiologia, Narratologia e Estética. Coorganizou os livros «Das Imagens Familiares» (2013) e «Deslocações da Intimidade» (2015). Na área do cinema, realizou vários filmes de ficção, documentário e videodança, tendo sido selecionados em festivais internacionais de diversos países (Espanha, França, Itália, Holanda, Bélgica, Argentina, Brasil, Estados Unidos, etc.). Recebeu o prémio de melhor realizador com o filme «Untraceable Patterns» (InShadow 2012). Lecionou durante vários anos no Balleteatro e na Escola Sup. Artística do Porto (ESAP). Atualmente leciona nos cursos de Licenciatura e Mestrado do departamento de Artes da Imagem da Escola Sup. de Música, Artes e Espetáculo (ESMAE), sendo coordenador dos seminários do Mestrado em Comunicação Audiovisual (MCAV). Organizador de ciclos de conferências, como o Fórum do Cinema e Audiovisual da ESMAE e o colóquio Narrativa, Média e Cognição. Cofundador, codiretor e programador do festival internacional de cinema Family Film Project, que acontece anualmente no Porto desde 2012. Tem dois livros de ficção editados: a coletânea de contos Quatro Amanhãs (1995) e o romance Pontos de Vista (2000).
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